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domingo, 14 de abril de 2013

"Fotografia escrita ..."





"Enviar uma carta é o melhor meio de ir  a algum lugar sem mover nada a não ser o coração"
Phillis Terux
 
 

Recebi uma carta na semana passada de uma pessoa muito querida e que mora bem distante - Bety Pinagel - cujo lar me abrigou durante 08 dos 12 meses que morei dos Estados Unidos.



Bety Pinagel é uma pessoa especial, leitora voraz,  possui um peculiar senso de humor, meio sarcástico, contudo bastante inteligente e engraçado. Quando ela me escreve, sinto como se estivesse lendo um livro rico em detalhes e me delicio com a palavras que ela insere. É quase um poema. Ela descreve o lugar que está  com detalhes que me faz ter a visão do local e até sentir o cheiro do ambiente sem mesmo estar lá.


Pela idade que ela tem, não se adaptou ao uso do computador e internet por mais que os filhos tenham tentado lhe ensinar. Assim comunica-se de maneira “antiquada” que é mediante cartas e cartões.
 
 

Pela distância e tempo, nos correspondemos eventualmente, mas quando recebo uma carta dela corro logo para abri-la e foi assim ao receber uma carta de congratulações pelo aniversário, eu decidi escrever este post, de maneira meio saudosista e nostálgica acerca do prazer especial de se escrever cartas.

  

Carta de acordo com a Wikipedia:

 

 É um meio de comunicação visual, constituído de algumas folhas de papel fechadas num envelope que é selado e enviado ao destinatário da mensagem através do serviço dos Correios. A carta é um papel que você escreve sobre qualquer assunto para uma pessoa.”

 

O encanto do ato de escrever não pode ser sentido na leitura da definição fria acima descrita, portanto só quem já escreveu ou escreve cartas pode sentir esse deleite que começa quase como um ritual litúrgico.

 

Escolhe-se:

1º - o papel de carta (colorido, com flores, borboletas, cheiros...)

2º- o envelope

3º - o selo

4º- a caneta (cor, ponta esférica).

 

Ato contínuo, senta-se num lugar agradável, iluminado, podendo ser numa sacada, na banca da cozinha, na mesa do escritório. Enfim, aonde você se sinta melhor. Pode-se colocar música ao fundo para inspirar ou buscar o silêncio absoluto ao redor para ouvir a voz da alma.

 

Sem exagero podemos ouvir a voz da alma, pois quando escrevemos uma carta invariavelmente buscamos palavras precisas para descrever situações cotidianas que nos acontecem, bem como sentimentos que nos assolam.

 

 

O romantismo das cartas está na dor da espera da resposta, ficamos pensando “se a carta chegou ao destino”, sobre “como a pessoa interpretou o que estamos escrevendo” ... Além é lógico do tempo de esperar(semanas) para saber a resposta e depois semanas para responder continuando aquele diálogo infinito.

 

 
Lembro-me de quando morei nos Estados Unidos, que ao chegar das aulas, por volta das 17:00 hs, eu corria para ver se havia correspondência para mim. E quando havia, abria com sofreguidão a carta, quase rasgando-a na “ânsia” de saber notícias dos meus entes queridos no Brasil. Depois eu lia novamente a mesma carta, relia e relia e muitas vezes o primeiro entendimento do conteúdo não era o mesmo na 3º  ou  4º leitura. Os nuances e entrelinhas surgiam com o tempo e análise.

 

Minha mãe chegou a contar o fim da novela “Roque Santeiro” por carta. Rsrsrsrsrsrsr



Eu li em algum lugar que cartas são “Fotografias Escritas”. Achei perfeita a definição.

  

Cartas não se jogam fora, guarda-se e quando por ventura temos que fazer faxina e arrumação na casa e as encontramos, ela nos leva imediatamente a reviver aqueles momentos ali descritos na nossa memória, parecendo que foi “ontem”.

  

Hoje, temos a internet, os e-mails e facebooks que são importantes ferramentas de comunicação e nos colocam em tempo real conectados com pessoas do mundo inteiro, contudo não se equivale ao romantismo e prazer tangível de uma carta, pois elas são substanciais.

 

 Ademais, quando comunicamos por email ou rede social, escrevemos resumido o que sentimos e de maneira abreviada:  você se torna -vc, beleza - blz, verdade -vdd, fim de semana -fds e assim vai... Agora existem até desenhos para expressar sentimentos ... Daqui a pouco vamos emitir sons sem precisar falar ...grunhir ...  "kkkkkk" que em linguagem de mensagem significa gargalhar, acho que estamos regredindo a época das cavernas!!

  

Outro ponto é que ao escrevermos cartas, estamos aperfeiçoando a nossa linguagem mediante a escrita, buscando as palavras corretas, sinônimos, antônimos para descrever uma situação, além do que a caligrafia melhora muito.
 
 Quase não escrevemos mais, só digitamos. A minha letra que era feia está horrível!!! As vezes nem eu a entendo!!! Mas quando escrevo cartas faço o meu melhor.

 

Creio que estou ficando velha mesmo com esse saudosismo e nostalgia, mas podemos conviver com ambas formas de comunicação, sem necessariamente tornas obsoleta nenhuma!!

 
Assim, em homenagem a figura querida da Bety Pinagel e pela sua doce teimosia em continuar a se corresponder através das cartas que dedico este post e a seguinte frase:
 
"Assim como as chaves abrem cofres, as cartas abrem corações!"
 
                                                 I miss you a lot, "mom" P.!!!
 
 

 

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