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terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Família (parte 2)





Mãe ...
"São três letras apenas
As desse nome bendito
Também o Céu tem três letras ...
E nelas cabe o infinito
Para louvar nossa mãe
Todo o bem que se disse
Nunca há de ser tão grande
Como o bem que elas nos quer
Palavra tão pequenina
Bem, sabem os lábios meus
Que és do tamanho do Céu ..."

                                                      Mario Quintana




No Universo de opostos, fui abençoada em ter dois genitores tão distintos que se completam em suas diferenças ...

O amor incondicional pelos filhos, as atitudes abnegadas e impar a cada um dos filhos, os nivelam e igualam.

Meu pai é fogo, intensidade, urgência...

Minha mãe é candura, doçura, meiguice ...

Nesse mar revolto e de tempestades atuais, surge ela – minha mãe, meu porto seguro ...

Sofre e sente com a doença que me acomete, mas por amor tenta não transparecer, para não me baquear ...

Sempre positiva me alça a crença e me leva a Deus ...

Em 2005, quando estive na UTI, sempre que me visitava, ela trazia um sorriso no rosto e o brilho nos olhos ...

Contava-me as peripécias dos meus meninos e me transportava à vida normal que estava fora daquele leito hospitalar.

Seu único pecadilho, no papel de mãe educadora foi ter me poupado de aprender mais sobre as prendas domésticas ... pois na cozinha sou tragédia na certa ... rsrsrsrsrsrs ...

Nunca ergueu a voz ou a mão a nenhum de seus filhos, bastava olhar para seu semblante para arrependermos da traquinagem ...

Serena e ponderada, me ensina a ter Fé e a aguardar sempre pelo melhor ...

“Luca” para os sobrinhos, Eloysa para os conhecidos,” Chum-chum”  e mãezinha para mim e meus irmãos.

Ela acredita na força do amor, na união familiar, em estar presente e solidária junto aos seus ... nos aniversários, nos festejos religiosos e tradicionais da família, nos momentos  de doença e de perda.

Penso que é esse querer bem, se preocupar e zelar pelas pessoas que a rodeiam  que a torna querida pelos sobrinhos e irmãos, amigos e conhecidos.

Alegre, festiva, adora Carnaval, mas daqueles de outrora, das marchinhas de carnaval, do Pierrot e da Colombina ...

Incansável na labuta da educação, somente agora aos 66 anos de idade, decidiu pendurar as chuteiras ...

No post de ontem, transcrevi um trecho da música “Pai” de Fábio Jr.

Hoje, transcrevo “Mãezinha Querida”,de Agnaldo Timóteo, que cantava para você, quando criança:



“Minha mãezinha querida

Mãezinha do coração

Te adorarei toda vida

Com grande devoção ...

É tua esta valsinha

Foste à inspiração

Canto, querida Mãezinha

A tua canção ...

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Família (parte1)







Família é um núcleo de convivência unida por laços afetivos que costuma compartilhar o mesmo teto.

É o ambiente mais apropriado para maravilhosa experiência do amor ...

Em meu núcleo familiar “principal” somos em quatro: eu, Antonio, Tulio e Tiago, mas esse núcleo se estende a meus pais (Joaquim e Eloysa)  e irmãos (Guilherme, minha cunhada Alcedina e sobrinho Bruno, meu irmão Victor e cunhada Juliana).

Todos nós, acreditem, moramos no mesmo prédio, mas em andares diferentes.

Quando conto a amigos que moro no mesmo prédio que meus pais e irmãos, alguns me olham assustados, horrorizados, outros sorriem com uma “invejinha” boa.

Cada qual, analisa os prós e contras baseado na experiência de vida familiar de cada um. Se a experiência foi ruim, feição feia, se foi boa, feição feliz?!

Não sei se foi coincidência, o acaso, a soma de fatores ou o universo conspirando, sei lá, só sei que quando fiquei grávida do meu primeiro filho, há 11 anos atrás, começamos a migrar para o mesmo local.

Inicialmente, veio meu irmão Guilherme e cunhada Alcedina que já haviam adquirido um apartamento ainda na planta .Depois eu vendi o apartamento pequeno que morava e comprei outro no mesmo prédio que meu irmão, mas no andar abaixo ao dele.

Com o nascimento do neto, meus pais não aguentaram, venderam a casa no Boa Esperança e se mudaram para cá ...

Ah, e por fim minha tia, prima e avó também se mudaram para outro apartamento neste  prédio. 

Não somos a família Buscapé ... ou A Grande Família ....

Não o tempo todo... rsrsrsrssr

Há intromissões, mas tudo contornável com limite de bem viver.

Os benefícios são extraordinários, em especial para meus filhos, que tem contato direto com os avós, enriquecendo o seu aprendizado com as experiências, oportunizando a convivência com valores e conduta de pessoas de mais idade, tão pouco valorizado no mundo atual.

Os avós são pais com açúcar ... (dito popular) 

Mas que não deixemos ficar melado demais, né???

Nós nos ajudamos uns aos outros ...

E se às vezes existe atrito nessa relação, é somente pelo excesso de amor...

O que para mim é irrelevante, pois se existe excesso no amor, um bom papo resolve a demanda.

Neste post, além de ter falar sobre família, vou falar um pouco sobre o meu pai e no próximo revelarei a minha mãe, que já citada em post anterior ...

Começamos com ele – Seo “Joca”.

Quem o conhece não o esquece jamais.

Há muitos anos já colocou o chapéu violeta na cabeça e saiu na rua – (falando de maneira figurada, é claro) ou seja, ele não se importa mais com as coisas ou opiniões mundanas.

Se tiver que emitir opinião, a pessoa pedindo ou não, ouvirá o que ele pensa, “duela a quem duela” (frase plágio do Collor), mas  esse ato de sincericídio nunca faz para ferir, magoar ou se aproveitar de alguém, diz no intuito de ajudar ...     

Ele é uma pessoa que não mede esforços em ajudar outras pessoas, ajuda do porteiro ao morador do prédio.

As vezes incompreendido, por alguns e por mim mesmo, quando no afã de querer ajudar, ultrapassa a linha imaginária do bem conviver.

Quando qualquer dos filhos, mãe e irmãos precisam de algo, é a ele que nos socorremos, pois sabemos que ele irá resolver ou ajudar a solucionar o problema.  
Se preciso for, corre pra cobrar escanteio, vai pra pequena área, cabeceia ... e marca GOOOOLLLLL !!!!!

Tudo ao mesmo tempo ...

Passional, amoroso, se finge de durão, para não se entregar demais e os outros abusarem do seu espírito cooperativo.

Sei que tem feito, esforço hercúleo para obedecer a linha (limite) imaginária do bem viver comigo, em especial por causa da doença, quando quer se "intrometer" na forma como devo agir, alimentar-me direito, descansar e tudo mais ... sempre me superprotegendo... coisas de pai!!!
E sou lhe grata por esse empenho em respeitar meus limites !!!!

Não gostaria de estar em sua pele, com uma filha com diagnóstico de câncer!!! Não sei se suportaria ...

Por isso, meu amado pai, transcrevo uma parte da canção do Fábio Jr, que em minha adolescência cantava pensando em você, mas que hoje, só essas estrofes canto pra você:

“Pai,

Senta aqui que o jantar tá na mesa

Fala um pouco, a tua voz tá tão presa

Me ensina esse jogo da vida

Onde a vida só paga pra ver...

Pai,

Eu cresci e não houve outro jeito
Quero só recostar no teu peito

E pedir pra você ir lá em casa

E brincar de vovô com meu filho

No tapete da sala de estar

Pai,

Você foi meu herói,  - (nunca meu bandido)

Hoje é muito mais que um amigo

Nem você, nem ninguém tá sozinho.

Você faz parte desse caminho.

                                      Que hoje eu sigo em Paz ..

Pai !!! 

 


domingo, 26 de fevereiro de 2012

O Tempo vai passar ...



"Não tenhamos pressa, mas não percamos tempo."
José Saramaigo


Descobri que adoro surpresas !!!!

Das boas é lógico!!!

Hoje, pela manhã ao abrir o meu facebook, vi uma postagem que meu marido Antonio Carlos havia colocado no dia anterior.

Era um linda declaração de amor. (É a foto acima ...)

A emoção apertou a garganta e as lágrimas rolarem soltas.

Pura felicidade.

Quem o conhece, sabe que ele é uma pessoa de temperamento introvertido, mas de um coração enorme.

Amigo, cúmplice, sincero, meu iaiá meu ioiô ...

Além de ser ranzinza, metódico, e incapaz de “errar”... (Desculpe, meu anjo, força do hábito)

Somos o oposto, mas dizem que eles se atraem.

Meu pai sempre me fala que só Antonio para me aguentar ... E eu concordo...

E nesse corre corre, constato com incredulidade que já se passaram 28 anos desde que eu o conheci, sendo que de casados completamos 20 anos.

Abrindo o baú da memória...

Vou contar como conheci Antonio Carlos.

A primeira vez que eu o vi foi dentro de um ônibus (eu tinha 14 anos de idade),  eu e algumas amigas retornávamos da escola – Coração de Jesus para casa. E ele também vinha com a leva de meninos do Colégio São Gonçalo ao final da aula.

Era pura adrenalina e hormônios no ônibus...

Juro que me lembro, sem fechar os olhos, daquele rapaz magrinho, usando um suéter bege ( sim, em estava frio naquele dia), passar por mim e ficar a frente conversando com uma menina da minha escola.

Ele papeando com a outra e eu olhando cumpriiidoo...

Foram meses, nesse ritual ... E nada de aproximar-se de mim.

 No ano seguinte (1983), entrei para o Colégio São Gonçalo, era a primeira turma mista (meninos e meninas) estudando juntos no 2º Grau.

Vocês imaginem o furor ... os hormônios ...

Enfim, estava lá eu sentadinha em minha carteira (sempre fui CDF), quando surge na porta o garoto do suéter bege, que agora vestia uma camiseta regata verde, daquelas que fica mostrando as axilas... Um horror hoje!

Mas naquele tempo estava “IN”.

Antonio é peludo e se distinguia dos meninos imberbes e espinhentos do 1º Ano do 2º grau.

Era quase um homem adulto ... rsrsrsrsrs

E para minha surpresa, com o dedo do destino ou cupido, ele veio e sentou-se na cadeira em frente a minha.

Meu coração disparou ...

Sorri acanhada e assim floresceu uma amizade especial e de alma.

Ainda hoje, quando o olho, não vejo esse senhor de 44 anos, grisalho, um pouco acima do peso, mas enxergo aquele jovem do ônibus escolar.

O namoro não veio cedo não, deixei-o de “molho” por um bom tempo.

Ele diz que eu o coloquei de castigo por ele ter me ignorado um ano no ônibus, sabe-se lá como funciona o inconsciente feminino né?!? (rsrsrrrsrsrsrsr)

Enfim, namoramos, noivamos, casamos ainda quando fazíamos faculdade, mas decidimos ter filhos após a conclusão da faculdade e melhoria das condições financeiras.

Após 09 anos de casados, vieram Túlio e depois de 02 anos veio o  Tiago.

Eles chegaram para virar a nossa tranquila e acomodada vida de casal sem filhos, num turbilhão de momentos felizes e emoções inesquecíveis...

Deixamos de ser um do outro, para sermos muito mais ...

Mas como a vida de qualquer mortal, ela tem altos e baixos..

E a nossa não é diferente ...

Apenas os vôos tem sido mais rasantes ...

Em 2005 tive o câncer no estômago, quase morri de infecção e embolia na UTI ...

Recuperei-me !!!!

E agora 2012, novo vôo rasante – recidiva gástrica.

O meu Antonio com seu jeito calado, de sofrer quietinho, reclamar menos ainda, tem sentido  muito, pois temos uma simbiose muito forte.

Por isso, hoje ao acordar e ler aquela declaração de amor numa rede social – Facebook, percebi que ele está reagindo, está se mostrando, se desnudando...

Nesses 20 anos de casados, sempre fizemos questão de respeitar a individualidade de cada um.

É claro que já houve atritos e sempre procuramos o meio termo para solucionar a demanda.

Casar, achando que não terá que ceder, é assinar a sentença de fim de casamento na certa.

Penso que a arte de permanecer casado se apoia na exercício do ceder, mas essa cessão, não pode ser medida tal qual ingrediente de receita, pesar quem cedeu mais ou menos essa semana ou mês ...

Não, o ceder vem do coração, a medida é o bom senso e a prática sempre aprimora.

Eu sempre o respeitei pelo que ele é e assim vice e versa.

E isso é muito bom ...

 ...

Há uns 15 anos atrás, descobri um poeta libanês chamado Kahlil Gibran e dos muitos poemas que ele escreveu o “Sobre o Casamento” é um dos meus favoritos.

 Vou transcreve-lo para vocês.



“SOBRE O CASAMENTO”

“Nascestes juntos e juntos ficarei para sempre.

Estareis juntos quando as asas brancas da morte acabarem com os vossos dias.

Estareis juntos mesmo na memória silenciosa de Deus.

Mas que haja espaços na vossa união e que os ventos celestiais possam dançar entre vós.

Amai-vos um ao outro, mas não façais do amor uma prisão.

Deixai antes que seja um mar ondulante entre as margens das vossas almas.

Enchei a taça um do outro mas não bebais de uma só taça.

Parti o vosso pão ao meio mas não comais do mesmo pão.

Cantai e dançai juntos, mas deixai que cada um de vós fique sozinho.

Como as cordas de uma lira estão sozinhas embora vibrem ao som da mesma música.

Entregai os vossos corações mas não ao cuidado um do outro.

Pois só a mão da Vida pode conter os vossos corações.

E fica juntos, mas não demasiado juntos.

Pois os pilares do templo estão afastados e o carvalho e o cipreste não crescem a sombra um do outro.”





sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Lutemos por uma Medicina Humanística ...



           “MEDICUS QUANDOQUE SANAT, SAEPE LENIT ET SEMPER SOLATIUM EST”
“O médico às vezes cura, muitas vezes alivia e sempre é um consolo.”                                       Dr. Edouard Trudeau



Uma folha branca, simples, com o timbre do laboratório estampado e ali dentro o resultado do exame imunohistoquímico  interpretado dos ínfimos pedacinhos colhidos da biopsia na minha “quase” cirurgia de vesícula. Tradução do exame:  Adenocarcinoma pouco diferenciado.

É meus amigos, ele tem nome e sobrenome!!!!

E eu como Delegada de Polícia, já mandei baixar a “capivara dele”. rsrsrsrs

Os primeiros sentimentos foram de incredulidade, torpor ...

Tem certeza que é comigo? Não é um exame errado? Alguém errou!!!!

Mas, como a vida é uma caixinha de surpresas, embora a minha parece ser de Pandora!!!!

Engoli seco e respirei fundo.

Pedi Forças a Deus e vi novamente o mundo girar feito caleidoscópio ...

Pera aí ...

Brado contido:  “Eu ainda tenho um montão de coisas pra fazer!!!!”.

Torpor anestésico...

Respiro fundo ...

Tento colocar as perspectivas e vertentes no gráfico imaginário, tabela de Excel e fito em busca de uma saída ...

Vamos lá, qual é o Plano B?!

Ciência ...

Sim, a ciência, os médicos, os remédios, os tratamentos, deve existir uma saída...

Pressa ... Pressa ...Pressa...

Tenho que encontrar o médico certo, com o tratamento certo, para ação certa, não posso falhar.

Daí, começo a defrontar com um mundo inteiramente novo: possibilidade do  plano de saúde negar cobrir o tratamento sugerido pelo médico, possibilidade de  acionar a Justiça para deferimento de direitos,  opiniões médicas opostas, opiniões familiares, opiniões de amigos ......

E nesse vuco-vuco dos primeiros dias, conheci um jovem médico oncologista clínico chamado Fernando Sabino Monteiro.

Vou abrir só um parêntesis aqui, antes de falar sobre a jovialidade do Dr. Fernando. Descobri que depois de certa idade ...  parece que os médicos estão cada dia mais jovens, mas creio que sou eu que estou cada dia mais velha ...rsrsrsrsrsrsr ... cruel realidade, né?

Enfim, aquele jovem médico, vestido de jaleco branco e gravata azul, penso que a gravata era para dar seriedade e respeito, usava um penteado de cabelo digamos “maneiro”, que era  um topete com gel, o que lhe dava um aspecto juvenil.

 Era uma espécie de desafio a sisudez da gravata e ao jaleco, por isso o penteado new age.

 E isso, imediatamente me cativou ...

De olhar direto, firme, sorriso aberto, entonação de voz positiva, o Dr. Fernando me fez sentir acalentada, protegida e consolada.

Sei que ele não é o super-homem, mas é um homem jovem, inspirador, sagaz, arrojado como todo jovem é, e principalmente tem demonstrado ser capaz de enfrentar humanisticamente junto aos seus pacientes  a batalha contra o câncer.

A Fé que ele professa e acredita motivou a minha Fé.

Assim, entendi que havia encontrado o médico guerreiro e parceiro que idealizava nessa jornada. 

Entendo que além do conhecimento técnico-científico do diagnóstico, dos inúmeros protocolos de tratamento existentes, se faz necessário ao médico, em especial ao oncologista clínico, uma sensibilidade para conhecer a realidade do paciente, ouvir suas queixas, encontrar juntos estratégias que facilitem a adaptação da vida.

Gadamer (1994) escreve em “Relação Paciente médico: humanização da prática médica que :  “ Em todo processo diagnóstico e terapêutico, a familiaridade, a confiança e a colaboração estão altamente implicadas no resultado da arte médica.”

É nisso que acredito.

E reflito que outras pessoas que se encontram enfermas desejam também um tratamento humanístico por parte do seu médico, querendo  cumplicidade, respeito, afeto e a empatia, especialmente nessa fase em que a fragilidade nos invade e que de certa forma nos despersonalizamos do que éramos para tornarmos ainda que provisórios - P A C I E N T E S.

Assim, Dr. Fernado. Desejo que Deus lhe abençoe e guie seus caminhos nessa jornada árdua que escolheu como profissão, mas que também lhe possibilita contato  com pacientes que estão vivendo os momentos mais intensos das vidas deles ...  










quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

O MEDIDOR DA FÉ





“Ora, a fé é a certeza de coisas que se esperam, a convicção de fatos que se não vêem” Hebreus 11:1


ü  “Fé” deriva do latim fides = fidelidade


ü  “Estado ou atitude de quem acredita ou tem esperança em algo.”



 Criada em família de dogma essencialmente católica, estudei dos 07 aos 17 anos em colégio salesiano (Coração de Jesus e São Gonçalo), que além da doutrina católica ensinada, eram à época (idos de 1975/1985 ...) as melhores e mais conceituadas escolas do ensino básico, fundamental e médio de Cuiabá.

Como todas as crianças e adolescentes que ali estudavam, participar de missas, confessar, falar em Deus, saber dos fatos da Bíblia: "quem era quem" na ordem daquele emaranhado de pessoas bíblicas ...  era “natural”, fazia parte do ambiente.
Lembro-me que aos domingos minha mãe, ia a missa na Catedral e sempre levava eu e Guilherme (meu irmão – 03 anos mais novo).

Assim, gostava do espaço da igreja, do silêncio e de sua opulência, que me fazia sentir pequena e respeitosa diante da grandiosidade de Deus e seus Mistérios...

Lembro-me que durante a missa, delongava-me no tempo, admirando os desenhos da Via Crucis – onde me perdia entre o lúdico e o real.

Ainda hoje, quando vou a uma igreja desconhecida, fico quase que hipnotizada pela via Crucis (ora em pintura, ora em desenho ou madeira ...).
Somando aos estudos em colégios católicos, foi fundamental a influência religiosa  que veio pelo lado materno da família. 

Meus familiares maternos (só de primos em 1º grau somos quase 200) são oriundos de uma pitoresca cidadezinha próxima de Cuiabá – Santo Antonio do Leverger, que cultua a fé cristã (vale a pena conhecer a Igrejinha de Santo Antonio).
A Festa de Santo Antonio, no dia 13 de junho movimenta a cidade e traz lembranças pretéritas imensuráveis (bolo de arroz, revirado, farofa de banana, Maria Izabel, pastel, brincadeiras infantis, tios, tias, avós, foguetes, alegria, alegria ...) 

                                                                        ...

A criança cresceu ...

E a adolescente surgiu... e naturalmente, a “simples” Fé não me bastava, agora com os hormônios vieram os questionamentos, as dúvidas ...

Não crismei ...

Nessa época, já vivia o mundo dos “livros”, devorava-os ...

E assim o Espiritismo surgiu em minha vida. Alguém, não me lembro quem, me apresentou um romance espírita e daí não parei mais ...      

Li de tudo: Nosso Lar, romances de Zibia e tantos outros contos. (Já falei que livro é minha perdição (bolso)... gasto, gasto, gasto...)

E quanto mais eu lia, mais fascinada eu ficava, pois ali “explicava” dúvidas e questionamentos antes incompreensíveis ...

Reencarnação, livre arbítrio, resgates ...

Nâo consigo hoje, romper nem com um nem com outro, pois acredito que ambos me completam.

Nem acredito que devo romper com eles, vez que é algo que me faz bem, pois a essência é a mesma: ambos levam a Deus e a caridade ...

Posso me definir como: A católica mais espírita ou a espírita mais católica que conheço ... Contraditório ou não ... Sou Eu...
                                                                                      ...

Quando adoeci pela primeira vez (2005) e o choque do diagnóstico me solapou, foi com a bagagem da fé que me levantei.
Nos dias de desespero "mudo" na UTI (44), em que eu queria levantar, sair correndo, gritar de raiva por não suportar mais tudo aquilo ... Uma Paz sempre invadia minha alma e retirava do coração o amargor.

Senti Deus ... E é tão tranquilo e reconfortante ...

Confesso que briguei com Ele (sim, senhoras, a gente briga com Ele, ou pelo menos questiona-O ...rsrsrs). E fazemos isso direto, perguntando: Deus, Por que eu? Por que comigo? O que fiz de errado? Sempre fiz o bem? O que fiz para merecer isso?

Como se adoecer fosse pecado ...

Atentam-se !!!!!!

Transcrevo texto Coragem e Fé, escrito pelo Pe. Paulo Bazaglia, SSP, publicado no “O DOMINGO”, da Missa do 6º Domingo Comum (12/02/2012):

 “As doenças eram consideradas como resultado de uma culpa, um castigo de Deus por um pecado cometido. Os doentes de pele, porém sofriam maior discriminação e sobre eles Levítico 13-14 previa uma série de regras a observar. Deviam viver afastados do convívio social e alertar aqueles que porventura se aproximassem.

Estavam portanto, os doentes exclusos do convívio social...

O Pe. Paulo então pondera: “Jesus, então veio e mostrou quando se aproximou dos leprosos e curou-os, que a verdadeira religião é aquela que aproxima o ser humano de Deus e cria comunhão entre as pessoas.”

Ah, o tema da Campanha da Fraternidade deste ano é "Fraternidade e Saúde".

Indago: Será que esse comportamento e conduta - exclusão social - era realidade só há dois mil anos atrás ...

Ou está arraigado no inconsciente coletivo dos seres humanos ...

Respondo: Sim, está arraigado no inconsciente coletivo !!!!

E percebo isso, quando eu própria - "EUZINHA" ... fico a buscar motivações para a doença ... “Que fiz de tão terrível?", “É castigo?”, "Devo ter sido uma "praga" na vida passada, duas vezes com câncer em uma mesma vida?" rsrsrsrsrsrsrsrsrsrsrsr 

Amigos, nos dias atuais a lepra é tratável e não causa mais repulsa, mas e a discriminação que impera nos doentes com AIDS  e tantas outras doenças...

E por que não falar no próprio CÂNCER?!?!

Genteem ...

Tem pessoas que nem querem pronunciar o nome CÂNCER, o chamam pela sigla CA, “a doença”, “aquilo”, como se fossem “pegar”, “ser transmitido pelo contato ou fala ...”. kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

“CER HUMANO”. (grafia errada de propósito)


Após o câncer, sempre que eu tivesse conhecimento que alguém tinha sido acometido pela câncer, eu buscava visitar  essa pessoa, pra levar boas vibrações, incentivo, solidariedade.

E ouvia estupefata, comentários de outras pessoas: “ Eu não vou, não sei o que dizer a ela.” “Ela deve estar péssima, querendo se afastar ...” “Eu ia querer fugir e não ver mais ninguém ...”

Sim!!!!!!!!!

Tudo isso é verdade!!!!!

Às vezes queremos fugir, às vezes não queremos ver ninguém (até porque a quimioterapia, nos deixa enfraquecidos), às vezes queremos correr ... mas nunca queremos morrer!!!!!

Não isolem os seus conhecidos doentes, eles precisam de VIDA.

E dela INTEIRA ...
Sem cortes ou censuras, precisam das besteiras, das fofocas, das anedotas, do diário ...

Ouvir: “Não sei o que dizer, a ele(a), agora que ele está com câncer ou AIDS ou seja lá o que for? 
Poupem-se e principalmente poupe-os...

Transmita solidariedade, se as palavras lhe faltam ...

 Seja fraterno ...

 Fale sobre o cotidiano ...

Não fale sobre casos que não deram certo ...

Estatísticas pessimistas ...

Deixe solto ...

O medo é SEU ...

O preconceito é SEU ..

A superação é SUA ...

Temos que vencer os nossos próprios medos ...

 ....  Leva um livro, um doce, um santo, uma reza, um lenço de cabeça ... rsrsrsrs

Leve VOCÊ !!!!




 Dedico este texto, a minha incondicional e amorosa mãe Eloysa ... meu "Porto Seguro" ... e minha CHUM-CHUM também !!! (tá bom Vitinho !!!)