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terça-feira, 17 de setembro de 2013

O que te incomoda ??

 
"Raros são aqueles que decidem após madura reflexão; os outros andam ao sabor das ondas e longe de se conduzirem deixam-se levar pelos primeiros."
Sêneca



Hoje fui ao salão de beleza “Francis e Margarida”, aonde corto o cabelo há quase 22 anos e que em razão desse longo tempo de convivência vem me "arrumando" para momentos felizes como:  meu casamento, formatura, festas e também em momentos não tão felizes como quando Francis foi até a UTI cortar meu  cabelo..

É uma relação de quase casamento!!

Assim hoje, no período vespertino, eu e minha mãe atravessamos a Cuiabá em obras e no trajeto lhe disse que estava em dúvida acerca do corte de cabelo que deveria fazer pois as opiniões familiares foram diferentes.

Ela emitiu sua opinião e depois me disse calmamente: “Não adianta, só você sabe a resposta.”


Na hora discordei, todavia continuamos papeando até o Salão de Beleza.

Logo que cheguei apresentei a Francis todas as dúvidas, dizendo que não sabia se queria o cabelo curto, colorido, grisalho, cumprido, enfim dúvidas pairavam sobre a minha cabeça.

Francis apontou várias possibilidades e nenhuma parecia me satisfazer, então ela simplesmente indagou: “O que te incomoda?”  

A pergunta ficou no ar, pairando ...

Podia senti-la, tocando meu consciente.

“O QUE ME INCOMODA?”

Algo dentro de mim começou a se formatar, contudo naquele momento eu deveria primeiro responder a indagação de Francis quanto ao corte de cabelo.Percebi que nada me incomodava. A decisão estava tomada. Eu estava satisfeita com o corte e a cor do cabelo, desejava apenas aparar um pouquinho para não perder o estilo do corte.

Todavia, naquele momento ouvi um "click mental"  e a frase de minha mãe dita no carro "que a resposta só eu saberia" somada a pergunta da Francis sobre “ O QUE ME INCOMODA” já haviam se imiscuído dentro de mim e comecei a utiliza-las para tentar responder outras indagações pertinentes a minha vida.

Ao observar minha figura no espelho, vendo o frenético movimento da tesoura na mão de Francis, alinhei as implicações, opções e escolhas que devo fazer junto a algumas perguntas acerca "do que me incomoda" e a resposta veio simples.

As coisas começaram a fazer sentido.

Na verdade, a indagação da Francis sobre o que me incomodava foi analogicamente falando, apenas o estímulo nervoso necessário para instigar tal qual a rede de nervos e suas conexões (Hoje estudei Ciência com Túlio, estou afiadíssima em Sistema Nervoso Central e Sistema Nervoso Periférico...) às informações que estavam rodando em volta da minha consciência e que venho “trabalhando” com elas há algum tempo.

Acredito que a arte de decidir não está adstrita a uma só razão, ao contrário ela perpassa por uma série de fatores que alinhados nos delimitam um caminho.   

Talvez hoje tenha sido o fim de um ciclo cansativo, estressante ou o início do fim dessa dúvida especifica.

Um norte ou prumo mais consistente parece surgir.

Sei que como muitos permito que, por vezes, as convenções, os padrões, os medos, as emoções (dor e o sofrimento) norteiem minhas decisões, entretanto busco igualmente orientar minhas decisões obtendo o máximo de informações sobre minhas dúvidas, avalio os possíveis desdobramentos, reflito, uso a intuição ...

O modelo e a fórmula cada qual tem o sua, contudo o que é  essencial é estar atento aos sinais de “iluminação”, aquele click mental, quando enfim conseguimos ouvir nossa voz interna diante de um burburinho de emoções.

E isso independe de lugar, horário, posição ou atividade.
Pode vir como hoje, no salão de beleza.
Ah, descobri que lavar vasilhas e dirigir na estrada favorece a autoanalise e serve de excelente terapia, pelo menos para mim.
 

 

sábado, 14 de setembro de 2013

Amizade ...

 


“A amizade é um amor que nunca morre”

 

Já escrevi sobre a importância da amizade em post anterior (Julho de 2012), contudo desejo dividir a alegria do momento.
 

Lá na Grécia Antiga, Aristóteles já definia que podemos “classificar” a amizade em três tipos distintos:


A amizade segundo o prazer que se  fundamenta por causa daquilo que é agradável em um para o outro. Pessoas espirituosas, por exemplo tem muitas amizades não por causa do seu caráter, mas sim devido ao prazer que podem proporcionar umas as outras.

 

Amizade segundo a utilidade é estabelecida pelo bem que uma pessoa pode receber da outra. Mais uma vez, as pessoas envolvidas neste tipo de relação não se amam por causa do seu caráter, mas sim devido a uma utilidade recíproca.

 

 amizade segundo a virtude, ou a amizade perfeita é aquela estabelecida entre pessoas que são bons e semelhantes na virtude, pois tais pessoas desejam o bem um ao outro de modo idêntico e são bons em si mesmos.

 


Daqui alguns dias irei rever amigos especiais, daqueles que a gente não se fala semanalmente e nem se vê anualmente, todavia o amor e carinho que nutre nossa amizade não se desfez a despeito do tempo e da distância e vem sendo  regado e cultivado há 28 anos.

 

Amo esses meus amigos, sem o exagero do significado da palavra. E essa amizade permeia entre pessoas de gerações diferentes ( de 73 anos a 10 anos) e de ambos os sexos.

 

A oportunidade de revê-los me enche com um ingrediente que torna a vida mais leve que é a felicidade simples, não material, não visível, mas sentida dentro do peito e da alma.

 

É um brando refrescar depois de tantas batalhas!!

 

Confesso que por um tempo o medo me dominou, pois cheguei a pensar que nunca mais os veria, principalmente porque nesse meio tempo um deles partiu “para o outro lado da vida”.

 

Quando os conheci tinha 17 anos, a estrutura do meu  caráter e valores já estava bem formada, contudo faltava aquele “sobrevoar para longe do ninho” afim de adquirir experiências e conhecimento acerca da vida em si, sem a proteção familiar.

 

Vive experiências incríveis com eles e amadureci em 01 ano, saindo da adolescência para a vida adulta com todas as suas implicações.

 

Aprendi a me conhecer e a acreditar no meu potencial, vencendo a timidez, mas essencialmente aprendi que mesmo longe dos laços sanguíneos podemos obter amor sincero.

 
Tenho aprendido que depois de algum tempo as verdadeiras amizades continuam a crescer mesmo com longas distâncias. E o que importa não é o que você tem na vida, mas quem você tem na vida.
 

E eu os tenho.
 
 
A vocês: Hans (in memorium), Bety, Erica, Terry, Gladys, Tracy, Tammi, Andrea,  Fausto, Talos, Ayla, Karsten, Trent, Brian e Rachel todo meu amor.
 
E a todos os amigos travestidos de roupagens sanguineas  ou não  e  que a vida, a distância ou as circunstâncias nos afastaram do convívio diário, dedico a poesia do grande poeta e pensador libanês Kalil Gibran Kalil:



 
AMIZADE
 
"E um jovem disse: Fala-nos da Amizade.

E ele respondeu, dizendo:

O vosso amigo é a resposta às vossas necessidades.

Ele é o campo que cultivais com amor e colheis com gratidão.

E é o vosso apoio e o vosso abrigo.

Pois ides até ele com fome e procurai-o para terdes paz

Quando o vosso amigo fala livremente, vós não receais o “não”, nem retendes o “não”,

E quando ele está calado o vosso coração não deixa de ouvir o coração dele, pois a amizade, todos os pensamentos, todos os desejos, todas as esperanças nascem e são partilhadas sem palavras, com alegria.

Quando vos separais de um amigo não fiqueis em dor, pois aquilo que mais amais nele tornar-se–à mais claro com a sua ausência, tal como a montanha, para quem a escala é mais nítida vista da planície.  

E não deixeis que haja outro propósito na amizade que não o aprofundamento do espírito.

Pois o amor que só procura a revelação do seu próprio mistério não é amor, mas uma rede lançada que só apanha o que não é essencial

E deixai que o que de melhor há em vós seja para o vosso amigo.

Já que ele tem de conhecer o refluxo da maré, que conheça também o seu fluxo.

Pois para que serve o vosso amigo se só o procurais para matar o tempo?

Procurai-o também pra viver.

Pois ele vos preencherá os desejos, mas não o vazio.

E na doçura da amizade que haja alegria e a partilha de prazeres.
 

Pois é nas pequenas coisas que o coração encontra a frescura da sua manhã.
 

 



 

terça-feira, 10 de setembro de 2013

Mal necessário?!?!




 
 
 
" Os homens são feitos uns para os outros: instrua-os ou então suporta-os" Marco Aurélio - Roma Antiga 
 
 
 

Um dos efeitos colaterais da quimioterapia tem me restringido a escrita dos posts. Chama-se neuropatia periférica. Os nervos periféricos foram atingidos pela quimio e causam formigamento intenso nas mãos e pés. É como se eu estivesse com câimbras 24 h por dia. Assim, quando escrevo ou digito, sinto “agulhadas” nas pontas dos dedos. De acordo com o médico essa sensação irá passar com o decurso do tempo. 
 

Confesso que atualmente sinto falta “emocional” por não estar escrevendo semanalmente, parece que tem algo que está faltando!!!

 
 
Vou devagar, mas sigo em frente !!!
 
 Seguindo a linha de pensamento do post anterior, acerca do “tempo que nos foge”, resolvi falar sobre um assunto que vem me causando reflexões diárias, pois o constato em casa, shoppings, igrejas, festas de aniversários, restaurantes ... Que é uso dos smartphones e os danos que vem causando nas relações interpessoais.
 
 

Li vários artigos sobre o assunto na net e tenho mantido diálogo a respeito com meus familiares e amigos e todos são unanimes em se manifestar que já se sentiram “constrangidos” ou  “ignorados” ainda que momentaneamente por alguém que manteve diálogo via smartphone quando na presença deles.
 

Estudiosos do assunto falam em Transtorno de Deficit de Atenção pelo uso continuo do celular.
 

Especialistas advertem que os sucessivos sons e atualizações podem jogar o cérebro para um estado de exaustão, afetando as células e enfraquecendo as funções cerebrais ao longo do tempo.
 

Me lembro que antes do advento do celular eu conseguia memorizar pelo menos 15 número dos telefones das pessoas mais próximas a mim  ou datas de aniversários, hoje fico aguardando a “memória” do smartphone me lembrar!!!

 
Ficamos com preguiça de pensar e nos apegamos ao Google para além do necessário e plausível.

 

Um professor de comunicação  da Universidade de Standford avalia que as funções de multitarefas disponíveis (responder sms, pesquisas, atender a chamada, dar o curti no Facebook) e praticamente tudo ao mesmo tempo afeta a concentração.  “Não é fisiologicamente saudável porque o ser humano não foi construído para realizar uma infinidade de tarefas ao mesmo tempo. Se o smartphone exige esse comportamento, aumenta o estresse e prejudica o pensamento cognitivo.

 
É realmente assustador observar como as pessoas estão dependentes e conectadas nos smartphones e eu me incluo nesse parâmetro... todavia tento me policiar diariamente e confesso não é fácil sair sem o celular a tiracolo.
 
 
Este post não se trata de um manifesto contra o uso dos Smartphones, até porque os benefícios e facilidades que o mesmo providencia a nós seres humanos é bastante proveitoso e útil, contudo o seu uso abusivo vem nos deixando insensíveis ao ambiente externo.

 
Quem já não ouviu as frases: “ Só tô dando uma olhadinha no Face”, “ Pera aí, tô postando uma foto no Insta” ou “ tô respondendo um “Whatts”, quando está mantendo uma conversação com alguém.

 
 
Eu acho constrangedor, principalmente quando a pessoa não responde as mensagens e ficam aqueles “barulhinhos” de torpedos caindo interrompendo a concentraçãona conversa.

Será que estou ultrapassada?
 

Já vi situações em mesas de restaurantes onde quase todos os ocupantes estão olhando para seus smartphones...
 

Daí, me pego pensando, será pelo vício, talvez falta de assunto ou porque a vida on line tem se tornado mais atraente que a vida real.
 

Crianças já nascem com smartphones disponíveis e existem pais que os utilizam como “chupetas eletrônicas” e “babás a tiracolo”, visto que os aparelhos mantêm as crianças caladas e “facilitam” a vida dos pais.

 
Preocupo-me SIM com o impacto e os reflexos do uso excessivo dos smartphones no futuro dos nossos filhos e netos? Que modelo de pessoas estamos criando?

 
Não temos como voltar atrás, a tecnologia está aí (ainda bem) facilitando a nossa vida e a comunicação com amigos e conhecidos através das redes sociais, contudo a decisão da forma e tempo em usa-la é NOSSA, bem como a responsabilidade de EDUCARMOS nossos filhos e netos para aplicar na dose certa e de maneira equilibrada o uso dessas ferramentas modernas, aproveitando as facilidades da tecnologia e valorizando um bom bate-papo “olho a olho” com amigos.

Como Marco Aurélio disse na Roma Antiga cabe-nos instruir ou suportar os demais seres humanos ...

 
Aqui vai uma dica que recebi de uma tia, assistam no "you tube" o vídeo "I forgot my phone", é muito interessante e representa exatamente o que estamos falando que é o uso descontrolado dos smartphones gerando a perda continua da interação entre pessoas.