"Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas...
Que já tem a forma do nosso corpo
E esquecer os nossos caminhos que nos levam sempre aos mesmos lugares
É tempo de travessia
E se não ousarmos faze-la
Teremos ficado para sempre
A margem de nós mesmos."
Fernando Pessoa
Nunca gostei de oscilações.
Agora, nessa atribulada
cadeira de montanha russa que me foi indicada ou por mim mesmo escolhida,
começo a perceber que estou de forma intensa passando por fases.
Percebo isso quando
desejo escrever um post.
O blog é uma terapia em
grupo gratuita e conjunta. Não há censura, pelo menos imediata.
Só exposição e a sensação
de verdadeira liberdade de pensamento.
Escrever e publicar pode ser
pretensão, exorcismo ou simplesmente uma forma de se chegar ao outro, ainda busco identificar se são as três juntas ou uma mescla !?
Pensando de maneira genérica
sobre o tema Fases/Mudanças, reflito que somos seres em constantes transformações,
contudo temos a incrível facilidade de apegarmos as coisas, pessoas, crenças e
pensamentos.
E para agravar, muitos
desses pensamentos e crenças não são nossos, nem provém de nosso interior.
Dessa forma começamos a
rezar nessa cartilha alheia.
Ao longo dos anos nos acomodamos ... seja por
desconhecimento do “processo”, medo ou por preguiça.
Sem dúvida é sempre mais
fácil escolher o que já está pronto, principalmente se não precisarmos nos
criar novamente.
Ao escolhermos “ajustar” ao
mundo para sobrevivermos por mais tempo, devemos ter o cuidado de nos
adequarmos sem permitir que nossa essência seja levada junto.
Assim, nessa minha busca
interior, percebi que estou numa nova “fase” de escrever.
Além de usar de linguagem
metafórica para acrescentar mais tempero, agora só consigo “pensar e escrever”
em versos, me expondo em rimas ...
Rsrsrsrsrsrsrsrsrsrrrsrsrsrsrs!!!!
É cômico e trágico, pois
fico a lutar contra essa vontade.
Escrever é se expor e se expor em versos
é se expor multiplicando por 10.
Os versos abaixo foram escritos há
duas semanas e depois de perambular numa luta interna do ego versus a modéstia resolvi publicar.
Nova fase ... sem censura ...
Troquei
de prateleira
“Troquei
de prateleira
E ando
me procurando
Nas
fotografias antigas
Nas
cartas escritas
Nas
lembranças armazenadas
Penso
que não me perdi
Mas
estou a permitir
Uma
busca mais esmiuçada
Dessa
trilha já adiantada
Os
caminhos que percorri
Os
amigos que fiz
As perdas,
conquistas e vitórias
Mostram
a glória
De uma
vida bem vivida
Recomeçar
!!
Me
olhar e entender
Respeitar
os meus apelos e limites
Isso
sim
Já
descobri
Ressignificar!!
Amo a
vida
E com
ela aprendo
Que
cada dia é um começo
Mesmo
com os tropeços
Que
incidem em acontecer
Viver
sem ter sentido
Sentir
sem ter vivido
Pra
mim, não!!
Quero
mais ... Algo mais ...
Olho o
passado
Ainda
impregnado na memória
E vejo
o futuro
Incerto
e desconhecido
A me acenar
com desdém
Me
chamando com um mantra
Vêm,
vem, vem, vem ...
Troquei
de prateleira
Sufoco
a ansiedade
Velha
companheira de estrada
E experimento
o presente
Sinto-me
solta
As
amarras frouxas
Pronta
pra pular
Aguardo
o estalar
Dos
dedos do presente
A me
desafiar. ”