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sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

Margens de nós mesmos !!










Há três anos planejo mudar do meu apartamento. Percebo que os meninos estão em plena fase de crescimento, um com 13 e outro com 11 e requerem espaços e ambientes melhor planejados.
 
Faltava-me "coragem" para enfrentar as intempéries de se  construir ou reformar uma casa: financiamento, local apropriado, móveis, pintura, mobiliar, encaixotar, desencaixotar  e colocar tudo no lugar.

Fiquei nesse período, quase como hobby, a ler e analisar as páginas dos Classificados da Gazeta, buscando encontrar nos anúncio "algo" que atendesse as necessidades da família.

Foram momentos de risadas e frustrações, pois quando encontrava imóvel com preço "bom" e tamanho ideal, o estado era antigo e os mais novos possuíam além de preços exorbitantes, espaços internos inferiores

Daí quando a "coragem" chegou até a "prudência", essa a recolocou no "modo" sobreviver e as energias e os esforços vitais foram desviados provisoriamente para "vencer" a doença.

E o tempo continuou a passar e lá se foi 2 anos de tratamento.

Após todo embate, a  energia se restabelece ao corpo e impulsiona a alma a sonhar  e sonhar como uma frase que li
certa vez leva-nos a sobreviver.

Agora os passos se firmam e caminho em "verdes vales" com o horizonte se abrindo novamente.

A vontade de montar um "ambiente" seguro e agradável para todos da família me sucumbi, não mais como desejo efêmero de vaidade e ostentação, mas como refugio repousante dessa vida onde o tempo parece guiar-nos .
Reformular o ambiente doméstico, tendo agora a maturidade ainda que "forçada" me guiando torna leve o espírito.

Família reunida, optamos (nós quatro), após saudável exercício de diálogo e "pensação", a permanecer no apartamento que moramos. Que além de ser bem localizado, possui a facilidade de contarmos como vizinhos a figura de meus pais, irmão, cunhada, sobrinho, tia, prima e avó...
E isso meus amigos, não tem preço.
Mãos a obra ... Contratada a arquiteta, o idealizado começa sair do lugar e a aquela missão parece deslanchar.
Mudamos de apartamento para que a obra aconteça sem tantos traumas e alugamos outro apartamento no mesmo edifício.

Objetos foram encaixotados, alguns reanimados na história da vida, outros continuaram adormecidos nas gavetas. Revi fotos antigas e álbuns amarelados e os livros (capitulo a parte) foram para doação. O desapego em relação aos livros é algo a ser trabalhado.
E no meio daquela confusão típica de mudança, eis que encontro um papel solto dentro de uma pasta de Seminário de Polícia em 2004.
 A escrita era de punho por alguma colega e dizia o seguinte:

" Do rio que tudo arrasta diz-se violento, mas ninguém chama de violenta as margens que o comprimem"
                                                           Bertold Bretch.

Parei e me pus a refletir acerca dessa frase de profundidade tocante. Buscando repensa-la não no sentido de repressão social par qual foi criada, mas no contexto individual. 

Sim! É verdade!!
Reprimimos nossas vontades, ignoramos ou cerceamos sentimentos e  desejos. Damos nova roupagem, com diversa qualidade ou intensidade.
Enfim, nós nos tornamos nossa própria "margem" ... E para piorar, não satisfeitos, queremos ser "margem" na vida de outros!!!

Valha-me ...
Que a margem exista e cumpra o seu papel,  nos guie e oriente, mas nunca nos oprima.
Que a turbulência desse rio mantenha a “margem” atenta, mas não a torne déspota de suas vontades.

2 comentários:

  1. Eu sou minha própria margem...
    Tenho esse costume de impor limites (limites e não metas) a minha vida.
    Quando percebo já fiz...
    Muito boa reflexão.
    Abs

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  2. Isso mesmo... Pddemos ser a margem de nós mesmos estando atento a sinuosidade dos rios que percorremos. bjos amiga, vc é uma grande incentivadora.

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