A decisão de compartilhar
sentimentos e fatos via web foi um dos grandes “achados” no tratamento que faço e tem me ajudado a superar
tropeços e fases.
Compartilhar, conforme
Sócrates é “O grande segredo para
plenitude” e tem ocupado papel fundamental
nesse embate que travo com o tumor gástrico.
Ao externar os anseios e as
expectativas que pululam meu consciente racional e emotivo, eu consigo “identificar”
o que está "desconectado" e entender minhas emoções.
Compartilhar é dividir o
que temos com as pessoas a nosso redor, bem como com aqueles que jamais teremos
a chance de conhecer.
E estou curtindo esse
momento de maneira singular, sendo muito gratificante reconhecer meus
sentimentos e pensamentos nessas histórias e linhas escritas sem pretensão
literária (longe disso).
O que busco além de
repartir minhas vivências é fomentar bons sentimentos e até “ajudar” a quem
esteja passando por momentos turbulentos.
Nos
Estados Unidos existem grupos de apoio a pacientes com diagnóstico de câncer
que os ajudam através da troca de experiências, relatos, apoio psicológico
a superar medos, desafios e obstáculos causados pela doença.
No Brasil é muito raro
encontrar esses grupos de apoio e eu até já pesquisei, mas achei apenas em
alguns hospitais localizados nas grandes cidades.
Em Cuiabá, estou
conhecendo o trabalho realizado pela ONG
MTmamma e é muito interessante observar a importância desse trabalho de solidariedade
e coletividade para ideal comum, contudo atende como próprio nome diz pacientes
com câncer de mama.
Nas clínicas de oncologia
(particulares) existem trabalho multidisciplinares, com nutricionista, psicóloga,
porém desconheço trabalho realizado com
Grupo de Apoio – envolvendo pessoas que tem e tiveram cancer.
Eu acredito que falar
sobre o câncer ajuda a conhece-lo e conhecendo-o podemos desmistificá-lo, tira-lhe o caráter misterioso ...
Assim, comecei a escrever,
utilizando o blog como um Grupo de Apoio.
É certo que expor fatos de minha vida (parte
dela) não é tarefa fácil e por vezes termino o post cansada, mas é gratificante
reler as histórias escritas e ouvir comentários positivos de amigos
incentivando-me a continuar escrever.
Os pensamentos partem de coisas simples, de situações
lidas, vividas e ouvidas do cotidiano que somados a algumas tramas internas
compartilho com vocês.
Enfim é como um fio de tear, em que eu começo a puxar, mas não sei com precisão inicial aonde quero chegar. Ás vezes são idéias fulminantes outras duram dias para se fechar.
Os temas vão surgindo e aprendi a deixa-los fluir como uma tempestade de ideias.
Os temas vão surgindo e aprendi a deixa-los fluir como uma tempestade de ideias.
Não
os censuro, escrevo num caderninho os pontos que deixaram de ser trabalhados
naquele texto para que posteriormente possa me dedicar aquilo retirado.
Quando compartilho
pensamentos e emoções sei de minha exposição ao mundo e a opinião dele.
E até certo ponto acho isso instigante.
E até certo ponto acho isso instigante.
Podemos compartilhar boas
atitudes, experiências engraçadas, vivências tristes, enfim podemos expor nossa
vida, como um amontoado de retalhos, tecido pelas experiências e tramas da vida
que se entrelaçam e cruzam muitas vezes.
Enquanto estava em São
Paulo aguardando a cirurgia, dentre alguns livros apresentados por minha Tia
Bety, um logo me chamou a atenção - “Ostra feliz não faz pérola” de Rubem Alves.
Nele o escritor recheia fatos vividos e pensamentos tidos ao longo de sua vida,
que ele escrevia em uma “cadernetinha”.
Não eram tratados nem teses filosóficas,
mas "coisas" brotadas do cotidiano. O livro não tem início, meio e fim, são histórias
que valem por si só.
Fala sobre Amor, Beleza,
Crianças, Educação, Natureza, Política, Velhice e outros temas. De maneira
simples, direta e até divertida os aborda sem tirar a seriedade dos assuntos.
Ele diz que a ostra para
fazer uma pérola, precisa ter dentro de si um grão de areia que a faça sofrer. Sofrendo,
a ostra diz para si mesma: “Preciso envolver essa areia pontuda que me machuca
com uma esfera lisa que lhe tire as pontas ...
A beleza (pérola) não
elimina a tragédia, mas a torna suportável.
Vale a leitura ...
Que Lindo!
ResponderExcluirMinha amada sobrinha,as pérolas que você escreve nesse espaço me deixam sempre muito reflexiva. A gente tem o hábito de mostrar só a face(e aprende isso desde muito cedo...)e deixar guardados os sentimentos que moram no nosso coração, na nossa alma, até para nos preservar.Só em momentos muito especiais deixamos a mostra ou compartilhamos esses sentimentos.É quando ficamos mais bonitos. Nestes dias longos e difíceis até o final do tratamento, escrever tem sido um dos seus momentos de compartilhar e nos dar de presente pérolas de sua reflexão mais profunda. Quanto aprendo com você nesses momentos e quanto sinto sua falta aqui no nosso cantinho do sofá, compartilhando ideias e sentimentos. Sei que você irá continuar escrevendo sobre o câncer para orientar e aconchegar quem precisa, mas também gostaria que escrevesse, em algum momento, sobre tantas coisas bonitas que você tem dentro de você. Não pare nunca, você tem esse dom. Te amo!
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