“Envelhecer é o único meio de viver muito tempo.
Muitas pesssoas não chegam aos oitenta porque perdem
muito tempo tentando ficar nos quarenta.
Quando se passa dos sessenta, são poucas as coisas
que nos parecem absurdas.
Nada passa mais depressa que os anos.
A maturidade do homem é voltar a encontrar a
serenidade como aquela que se usufruía quando se era menino.
A iniciativa da juventude vale tanto a experiência
dos velhos.
Sempre há um menino em todos os homens.
A cada idade lhe cai bem uma conduta diferente.
Os jovens andam em grupo, os adultos em pares e os
velhos andam sós.
Feliz é quem foi jovem em sua juventude e feliz é
quem foi sábio em sua velhice.
Todos desejamos chegar à velhice e todos negamos que
tenhamos chegado.
Não entendo isso dos anos: que, todavia, é bom vive-los,
mas não tê-los.”
Albert
Camus
Ela me pôs a refletir ao
comentar o seguinte: “pois é Carla, veja se não é um paradoxo, quando estamos
na proximidade do fim (vida) e queremos vive-la mais intensamente, somos
impedidos de quase tudo para nos manter vivo.”
De fato, depois de vivermos
todos os perrengues e desafios da vida, tendo criado filhos e finalmente
podendo nos aposentar para gozar a vida plenamente – sem horários e compromissos,
somos limitados física ou mentalmente de vivê-la, pois se queremos viver por
maior tempo devemos estar atentos às limitações físicas impostas pela idade.
Assim, as atividades não
realizadas e aventuras “sonhadas” quando jovens e que por motivos diversos
(financeiro limitado, filhos, obrigações, tempo) foram postergadas para um gozo
futuro, muitas vezes jamais poderão ser vividas.
Num artigo constante na net li que envelhecer é a regra geral e portanto afeta todos os organismos
vivos, sendo o seu termo natural a morte.
Dessa forma, o artigo classifica a idade e o envelhecimento em três idades:
1_- Idade biológica – esta ligada
ao envelhecimento orgânico. Cada órgão sofre modificações que diminuem o seu
funcionamento durante a vida e a capacidade de auto-regulaçõa torna-se menos
eficaz.
* Entendo que aqui não dá
para fugir, é “vala comum” a todos os seres humanos, alguns tentam retardar os
efeitos desse envelhecimento, mas não será
por muito tempo.
2 - Idade social –
refere-se ao papel, aos estatutos e aos hábitos da pessoa relativamente aos
outros membros da sociedade. Esta idade é fortemente determinada pela cultura e
pela história do pais.
* Quando viajei para o
exterior no ano passado, fomos (eu e Antonio) colocados pelo pacote com uma
turma do interior do Rio Grande do Sul – a faixa etária era acima dos 60 anos
de idade.
Confesso que de início ficamos desapontados, contudo a alegria e disposição
desses “velhinhos” nos contagiava e instigava a continuar caminhando ... caminhando e caminhando, mesmo quando eu já estava a "capa da gaita" depois de conhecer inúmeros
pontos turísticos.
Passei a observar os
outros grupos turísticos oriundos de outros países e constatei que a quantidade de pessoas
na 3º e 4º idade era muito superior a de
jovens adultos.
Aplica-se a idade social a cultura norteamericana e europeia, cuja costume está reservado a opção (quase obrigatória) dos idosos de conhecer o mundo.
Vejo isso nas duas famílias
americanas com quem vivi, sendo que eles se permitem a uma vez por ano viajar ao exterior.
Saliento que eles não são ricos, ao contrário são professores de escola pública secundária que durante a vida planejaram a aposentadoria e velhice .
Ainda bem que podemos também observar que ultimamente os brasileiros estão se juntando a esse contigente de pessoas e começam a planejar uma aposentadoria mais dinâmica.
3- Idade psicológica – relaciona-se as competências comportamentais que a pessoa pode mobilizar em resposta as mudanças do ambiente, inclui inteligência, memória e motivação.
Aqui encontro a principal
barreira a ser vencida por qualquer um de nós que queremos desfrutar de uma “velhice”
ativa e feliz.
Entendo que os desafios perpassam
pelo encontro de motivações na vida para continuar a vivê-la, ainda que com as
limitações impostas por ela, bem como na adequação das impossibilidades físicas sem
deixar de extrair o “belo” da vida, apreciando o dia a dia.
Novamente a decisão é de
cada um.
Para ilustrar bem essa
demanda, lembro-me de um filme assistido em maio deste ano chamado “ O Exótico
Hotel Marigold”.
Vale a pena assisti-lo, é
uma mistura de comédia com drama.
É lógico que preço baixo
e suntuosidade dificilmente trabalham juntos ...
Logo, ao chegarem ao hotel
depararam com outra realidade, o hotel estava caindo aos pedaços....
Sem muita alternativa
resolvem permanecer no hotel e passam a descobrir sentimentos e sensações que
estavam adormecidas ou esquecidas na memória.
O filme passa a relatar as
histórias de cada personagem, das tristezas, durezas, alegria e drama vividos ao
longo da vida.
A moral da “estória” é
que podemos redescobrir a alegria de viver, quando deixamos de viver no passado
e nos libertamos de amarras colocadas e permitidas por nós mesmos no decorrer
da vida, seja por “defesa”, preconceitos ou comodismo.
A solução que me surge é deletar da
mente o estereótipo do velho/idoso, refletindo no imaginário popular, como uma
imagem de doença, abandono, rugas, flacidez, solidão.
Simone de Beauvoir disse
que é no olhar do outro que temos a dimensão da passagem dos anos.
Retratou esse entendimento na seguinte frase: “
O individuo idoso sente-se velho através do outro, sem ter experimentado sérias
mutações; interiormente não adere a etiqueta que se cola à ele: não sabe mais
quem é.”
Ou seja, nós não nos enxergamos (sentimos) como velhos, sendo o outro que nos vê assim
e de alguma forma nos impele a seguir um “código de conduta” esperada de “velhos”.
Penso hoje e espero no futuro atravessar a velhice com dignidade e prazer, pois de alguma forma ela expressa
a forma que vivemos anteriormente.
A bagagem de experiências
vividas no decorrer dos anos nos ajudará
a enfrentar esses novos desafios.
Ademais, vale lembrar que as perdas não ocorrem apenas na velhice, mas em todas as fases, desde o nascimento até o nosso fim.
Ademais, vale lembrar que as perdas não ocorrem apenas na velhice, mas em todas as fases, desde o nascimento até o nosso fim.
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