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terça-feira, 6 de novembro de 2012

A eternidade da memória .




                              "Aquilo que a memória amou fica eterno.”

                                                Adélia Prado

 

 

Nessa busca interior por mudança e transformação, tomei a primeira atitude outrora atípica.

 

Quebrei alguns paradigmas embutidos nos pensamentos castrantes que por vezes me prendem em gaiolas e formatam um jeito de ser que não me é próprio.

 

Decidi aproveitar com minha família as benesses de São Paulo em pleno mês de outubro.

 

E por que outubro ?

 

Racionalmente pensado os efeitos da quimio haviam passados, a doença está “controlada” e em São Paulo ocorreria o mega evento do Salão do Automóvel (que só acontece de dois em dois anos) – desejo de consumo das minhas crianças e do marido.   

 

Assim desfrutamos de maneira extemporânea as nuances de uma megalópole como São Paulo.


E isso não tem preço !!!

 

 As algemas mentais e óbices interpostos por mim durante os 04 meses que antecederam a ida foram inúmeros.

De um lado da balança pesavam: as aulas na escola,  reposição de provas, apresentação de trabalho, aulas de inglês, kumon e futebol, a quebra do ritmo de estudo ....

Mas do outro lado da balança brilhava: a alegria de desfrutar o inédito com as crianças, o brilho nos olhos diante da perspectiva do novo e o aprendizado empírico da viagem em si.

 
Venceu a emoção acompanhada da razão.
 

Fizemos então um “acordo” familiar, onde a despeito da ausência nas aulas haveriam listas de tarefa e exercícios de Kumon a cumprir.


Trato feito e cumprido.
 
 
Dessa forma munidos de alegria fomos aos museus, shoppings centers, cinemas, livrarias, restaurantes, parques temáticos  e tudo mais que uma cidade grande pode disponibilizar.

 

Comparamos a província com a metrópole, as diferenças e as vantagens no modo de viver, no trânsito caótico, nas facilidades e oportunidades de cursos, estudos em São Paulo...

 

Ficamos maravilhados com a arquitetura dos prédios, com os viadutos, constatamos as diferenças sociais e econômicas explícitas e antagônicas, onde os arranha-céus dividem com os puxadinhos o mesmo espaço territorial em plena Marginal Pinheiros. 

 

Rimos muito, tivemos momento de ócio puro, deleitamos em alegria o simples fato de estarmos vivos e juntos.

 

A leveza mental e da alma repôs toda a energia corpórea desprendida ao se tentar acompanhar a vivacidade de dois jovens garotos.


Chegamos leves e completos, por ter valido a pena.

 

O texto "Um único momento" de autoria de Rubem Alves  do livro “Palavras para desatar nós”  expressa essa experiência vivida.


No texto, o autor diz que o tempo é apenas um fio. E nesse fio vão sendo enfiadas todas as experiências de beleza e de amor que passamos, como um por do sol, uma carta que se recebe de um amigo, o cheiro do jasmim, a sopa borbulhante sobre o fogão...
 

Acrescenta que a nossa vida é um álbum de minissonatas e não uma sonata sem fim (eterna), porque a eternidade não é o tempo sem fim, mas o tempo completo e cada momento de beleza vivido e amado, por efêmero que seja, é uma experiência completa que está destinada à eternidade.
 
 

E que venham outras memórias singelas e amorosas como esse passeio para preencherem meu álbum de minissonatas eternas, pois como Adélia Prado escreveu:

" Aquilo que a memória amou fica eterno."

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 
 

 

 

 

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