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sexta-feira, 22 de março de 2013

Na véspera dos 45 ...



Às vésperas de fazer 45 anos (29 de março) repasso mentalmente tantos fatos e experiências vividas ...



De uma infância sadia brincando na rua com amigos a uma adolescência calma cercada de livros de romance.

 

 
O grande divisor de águas entre a pueril adolescência e o inicio da vida adulta foi a experiência maravilhosa de ter morado como estudante de intercambio por um ano nos  EUA.

 

 

Senti a barra de morar longe do aconchego dos pais, mas recebi amor de pessoas até então desconhecidas e com as quais até hoje me relaciono.

 

 

Ingressei em movimentos de jovens como o Rotaract que fomentou a minha sede de ajudar o próximo e o sonho idealista que eu podia mudar  mundo com minha ação.

 

 

Tomei rumo e decidi entrar na faculdade de Direito, fazendo da deusa Themis minha aliada e companheira.

 

 

Casei-me, sou mãe de dois filhos.

 

 

Passei no concurso público para Delegada de Polícia e muitas aventuras vivi. Enfrentei o desafio do preconceito de atuar numa profissão estigmatizada pela sociedade.

 

 

Rompi minhas próprias barreiras.

 

 

Estou aqui agora, enfrentando talvez a maior batalha da minha vida, que é sobreviver a essa doença traiçoeira e mortal que é o câncer.

 

Os rounds são pesados, mas a base da construção do meu ser é bem fortalecida. O amparo e a força que recebo me tornam corajosa, embora às vezes sucumbo em medo ... sou humana!! 

   

Sempre achei que iria viver muito tempo.

 

Mas o tempo ultimamente vem me espreitando, sinto-o pulsar junto a minha consciência e o relógio da vida soa em meus ouvidos demandando ações.

 

 

Assim, na véspera de mais um ano de vida bem vivida, eu estampo imagens na minha mente e aguardo que o subconsciente e o consciente aceita-as como verdade e procure buscar fórmulas para materializar tais imagens.

 

Agora que passarei para os 45 minutos do segundo tempo da vida, descrevo aqui meus sonhos, desejos e vontades, propondo-me metas a serem atingidas.

 

Desejo viver, mas viver de maneira diferente de antes.

 

Quero reformular antigas fórmulas de viver, na verdade não desejo reformular ou por em forma nada, apenas sentir a vida e a beleza que nela existe.

 

Desejo viver devagarzinho, sentindo a brisa, o calor do dia,  apreciando a lentidão da vida.

 

Quero viajar para vilarejos distantes com realidades diversas daqui.

 

Desejo poder sentar  nos  banquinhos de  praças  bem antigas numa tarde de verão ameno e observar a vida girando ao redor, colhendo empiricamente outras formas de viver e enxergar a vida.

 

Desejo passear por campos e aldeias e conhecer as histórias daquele lugar . Observar as cores das árvores, sentir o cheiro do campo ou a maresia do mar.

 

Desejo estar presente na vida dos meus filhos, acompanhar as mudanças  da adolescência para a maturidade dos dias, suas frustrações diárias e superações.

 

Desejo vê-los encontrar o primeiro amor e estar junto a eles quando da primeira desilusão amorosa.

 

Desejo vê-los no embate do primeiro emprego e acompanha-los em suas conquistas profissionais.

 

Desejo estar presente na igreja com eles e entrega-los a seus amores.

 

 

Desejo receber a noticia da gravidez de minhas noras e pegar meus netos no colo para embala-los satisfeita com o prolongamento da minha vida na vida deles.

 

 

Desejo cuidar dos meus pais e ampara-los na velhice. Leva-los para passear e segurar suas mãos quando precisarem de apoio para levantar.


Desejo ver meus irmãos satisfeitos com a vida e velhinhos como eu para rirmos de nossas aventuras e desventuras.

  

Desejo ver meu sobrinho, sobrinhas e afilhadas crescidas, e vê-los orgulhos e felizes com suas conquistas.

 


E quero estar em todas essas andança junto ao homem que sempre me amou, compreendeu e me acompanha nessa jornada da vida desde os nossos 15 anos.

Desejo lembrar dos dias atuais como dias de aprendizado e crescimento pessoal e não esquecer um dia sequer dessa maravilhosa experiência que é viver.



Para refletir um poema de Carlos Drummond de Andrade .


 

“Não importa onde você parou...

Em que momento da vida cansou...

O que importa é que sempre é possível recomeçar.

 

A cada dia que vivo, mais me convenço de que o desperdiço da vida está no amor que não damos, nas forças que não usamos, na prudência egoística que nada arrisca e que esquivando-se do sofrimento perdemos também a felicidade

A dor é inevitável

O sofrimento é opcional.”

 

 

 

 


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