“ Meu Deus do céu,
onde é que eu tô? Alguém me explica, me ajude por favor/ Bebi demais na noite
passada/ Eu só me lembro do começo da balada/ Alguém do lado, aqui na mesma cama/ Nem sei quem é, mas tá dizendo que me ama/ Cabeça tonta, cheirando a cerveja/ Achei meu carro dentro da piscina/
E o celular no micoondas da cozinha ...”
Letra da música Balada Louca de Munhoz
e Mariano.
Outro dia
estava “espiando” uma das Festas do
BBB 13 (não entrando no mérito acerca do “conteúdo” do programa) e analisei a
conduta daqueles jovens com os das baladas
e festas de hoje.
Percebi
assustada (tenho filhos pré adolescentes) a direção ou melhor o descontrole e o
excesso permeando o comportamento daqueles jovens, principalmente das
mulheres.
Uma
participante daquele programa disse que “estava ansiosa pelo dia de festa pois
queria beber até cair.” E elas literalmente caem, passam mal, tendo até
recebido socorro médico durante uma das festas com infusão de glicose na veia
para evitar coma alcoólico.
Me atrevo a
denominar essa conduta de autodestrutiva,
pois eles se acabam, exaurem a saúde e o amor próprio.
Depois desse
episódio o produtor do programa decidiu “punir” os participantes psicologicamente
fazendo uma festa sem o consumo de álcool.
No início das
festas, todos se apresentam sedutores,
poderosos, inalcançáveis e donos de seus corpos e desejos.
Todavia, no
decorrer das festas e com o uso do álcool como potencializador e propulsor de
ações de pseudo liberdade e felicidade (pseudos, porque precisam de algo
externo para se sentirem livres) e AGORA já sem as amarras da libido, da
vergonha e pudor conseguem alcançar o ápice de um patamar invertido, pois ao
final da festa estão literalmente rastejando pelo chão, amparados por “amigos” e
afetados pelos efeitos do consumo excessivo do álcool.
É claro que os
BBB´s estão confinados num ambiente competitivo e hostil e usam das festas e
álcool como mecanismo para destravar o que corrói as entranhas – o medo de ser
emparedado e expulso da casa.
Infelizmente
essa situação não está restrita apenas a esse reality show, mas esta
acontecendo ao nosso redor e com jovens conhecidos.
De acordo com reportagens
e estudos acerca do consumo de álcool no Brasil,
concluiu-se na mudança no padrão de consumo de álcool, que hoje se
inicia mais cedo (a partir de 13 a 14 anos) e atinge meninos e meninas em igual
desempenho. Estudos ainda demonstram que o dano biológico no álcool no organismo da
mulher é maior, em virtude de possuir maior percentual de gordura e menos água. E para agravar
o quadro dessa mudança de padrão o excesso no consumo individual de alcool está aumentando cada vez mais.
Lembro-me que o
carnaval era o momento escolhido para se soltar as amarras do pudor e
liberdade, tudo era permitido, nesses 03 dias de festa. Bebia-se a vontade.
Hoje, aquele
extravasar exarcebado do carnaval está acontecendo em TODOS OS FINAIS DE SEMANA,
nas festas e baladas e ainda de forma democrática, atingindo todas as classes
sociais e gêneros, seja num baile funk, numa balada ...
Vocês já se atentaram para as letras das músicas
denominadas sertanejo universitário ...
Além das músicas
e ritmos que ditam a moda e “retocam” as linhas grosseiras do consumo excessivo
do álcool, existem as famosas festas Open Bar, que são festas onde se paga a
entrada e bebe-se a vontade, sem horário
para acabar. Ao final, vemos nos noticiários do dia seguinte as consequências do OPEN BAR: os acidentes automobilisticos, as brigas e os casos de coma alcoolico e morte decorrente desse consumo exagerado.
Alguns municípios paulistas e mineiros, principalmente aqueles com republicas de estudantes/universidades estão buscando mecanismos legais e de conscientização junto aos jovens universitários sobre os danos e perigo do consumo excessivo de alcool.
O álcool é a
droga mais antiga e atua como agente desinibidor, estimulante e verdadeira “cura”
para problemas.
O drama atual é
tão grande que existe um projeto de Lei Federal de autoria de um Dep. Vanderlei/SP
proibindo a indução de consumo exagerado ou irresponsável de bebidas alcoólicas
em eventos – os “drinking games”.
A intenção ao escrever
este post não é fazer apologia contra as festas/baladas e bebida. Ao contrário,
entendo que participar desses eventos faz parte do crescimento humano como ser social
que somos e da construção da identidade do próprio jovem.
Questiono apenas,
acerca do que está por traz dessa
LIBERDADE sem limites ? Dessa busca por uma
FELICIDADE frágil? Do prazer sem pensar nas consequências ? Da
incapacidade dos pais em impor limites para não frustrar o individuo ?
Até onde, o liame
entre o permissivo passa ser abusivo ? O
que está por traz do verniz da diversão e do prazer ?
O que se
esconde ? O vazio da alma ? A falta de sonhos e perspectivas? Estar só numa
multidão?
Enfim, após a
apoteose das festas, vemos apenas jovens sorumbáticos, arrependidos e perdidos
diante de suas escolhas (comportamentos), que muitas vezes redundará em acidentes
automobilísticos, alcoolismo, drogadictos, comportamentos sociais questionáveis
e gravidez indesejada.
Iludidos pelo
culto a imagem, autoafirmação e do bordão que “todo jovem faz isso e é normal beber”, adolescentes e jovens inserem PREMATURAMENTE na
mochila da vida, pesos e cargas que a princípio parecem leves, mas que durante a
árdua, desconhecida e por vezes opressiva caminhada dos anos, os colocará EMPAREDADOS e EXPULSOS, só que da vida real, diferente do programa BBB da TV.
“ A juventude é
a idade em que os olhos brilham sem ver.”
Assim, cabe a nós, pais, educadores, tios e amigos de tantos jovens de buscar um mecanismo para faze-los enxergar suas escolhas sem deixa-los perder o brilho dos olhos.
Excelente texto para reflexão.
ResponderExcluirTambém tenho filho que daqui a pouco vai querer estar na noite.
A família educa, a escola instruir e ajuda a educar, a "igreja" ajuda a evangelizar, mas todo o resto, tudo a nossa volta deseduca...
Minha querida, é a pura realidade...o prazer pelo prazer, sem medir consequências, parece dominar a cena...(ou será fuga da realidade?) Penso todos os dias nos meus jovens e nos jovens em geral, cada vez que paro para ouvir o noticiário. É triste, e nem sempre os pais estão atentos ao que está acontecendo... Hora de refletir!
ResponderExcluirBeijos e saudades!!!