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sexta-feira, 1 de março de 2013

É só hoje, amanhã não tem mais...

 


“ Meu Deus do céu, onde é que eu tô? Alguém me explica, me ajude por favor/ Bebi demais na noite passada/ Eu só me lembro do começo da balada/ Alguém do lado, aqui na mesma cama/ Nem sei quem é, mas tá dizendo que me ama/ Cabeça tonta, cheirando a cerveja/ Achei meu carro dentro da piscina/ E o celular no micoondas da cozinha ...”
 
       Letra da música Balada Louca de Munhoz e Mariano.

 

 

Outro dia estava “espiando” uma das Festas do BBB 13 (não entrando no mérito acerca do “conteúdo” do programa) e analisei a conduta daqueles jovens  com os das baladas e festas de hoje.

 

 

Percebi assustada (tenho filhos pré adolescentes) a direção ou melhor o descontrole e o excesso permeando o comportamento daqueles jovens, principalmente das mulheres.  

 

 

Uma participante daquele programa disse que “estava ansiosa pelo dia de festa pois queria beber até cair.” E elas literalmente caem, passam mal, tendo até recebido socorro médico durante uma das festas com infusão de glicose na veia para evitar coma alcoólico.

 

 

Me atrevo a denominar essa conduta de  autodestrutiva, pois eles se acabam, exaurem a saúde e o amor próprio.

 
 

Depois desse episódio o produtor do programa decidiu “punir” os participantes psicologicamente fazendo uma festa sem o consumo de álcool.

 

 

No início das festas, todos se apresentam  sedutores, poderosos, inalcançáveis e donos de seus corpos e desejos.
Todavia, no decorrer das festas e com o uso do álcool como potencializador e propulsor de ações de pseudo liberdade e felicidade (pseudos, porque precisam de algo externo para se sentirem livres) e AGORA já sem as amarras da libido, da vergonha e pudor conseguem alcançar o ápice de um patamar invertido, pois ao final da festa estão literalmente rastejando pelo chão, amparados por “amigos” e afetados pelos efeitos do consumo excessivo do álcool. 

 

 

É claro que os BBB´s estão confinados num ambiente competitivo e hostil e usam das festas e álcool como mecanismo para destravar o que corrói as entranhas – o medo de ser emparedado e expulso da casa.

 

 

Infelizmente essa situação não está restrita apenas a esse reality show, mas esta acontecendo ao nosso redor e com jovens conhecidos.

 

 

De acordo com reportagens e estudos acerca do consumo de álcool no Brasil, concluiu-se na mudança no padrão de consumo de álcool, que hoje se inicia mais cedo (a partir de 13 a 14 anos) e atinge meninos e meninas em igual desempenho. Estudos ainda demonstram que o dano biológico no álcool no organismo da mulher é maior, em virtude de possuir maior percentual de gordura e menos água. E para agravar o quadro dessa mudança de padrão o excesso no consumo individual de alcool está aumentando cada vez mais.  

 

 

Lembro-me que o carnaval era o momento escolhido para se soltar as amarras do pudor e liberdade, tudo era permitido, nesses 03 dias de festa. Bebia-se a vontade.

 

Hoje, aquele extravasar exarcebado do carnaval está acontecendo em TODOS OS FINAIS DE SEMANA, nas festas e baladas e ainda de forma democrática, atingindo todas as classes sociais e gêneros, seja num baile funk, numa balada ...
 
Vocês já se atentaram para as letras das músicas denominadas sertanejo universitário ...

 
De acordo com um estudo realizado por um pesquisadora da UNIFESP – Franscinari Barbin acerca da relação que existe entre o incentivo ao consumo excessivo de álcool e as músicas de sertanejo universitário é que das músicas desse gênenro pesquisadas, 243 letras citam bebidas alcoolicas e 85% das duplas de sertanejo universitário abordam o tema do consumo de álcool como fato agregador de alegria, status e poder, ajudando a naturalizar o seu consumo e incentivar o hábito de beber.

 

 

Além das músicas e ritmos que ditam a moda e “retocam” as linhas grosseiras do consumo excessivo do álcool, existem as famosas festas Open Bar, que são festas onde se paga a entrada e  bebe-se a vontade, sem horário para acabar. Ao final, vemos nos noticiários do dia seguinte as consequências do OPEN BAR: os acidentes automobilisticos, as brigas e os casos de coma alcoolico e morte decorrente desse consumo exagerado.
 
 
Alguns municípios paulistas e mineiros, principalmente aqueles com republicas de estudantes/universidades estão buscando mecanismos legais e de conscientização junto aos jovens universitários sobre os danos e perigo do consumo excessivo de alcool. 

 

 

O álcool é a droga mais antiga e atua como agente desinibidor, estimulante e verdadeira “cura” para problemas.

 

 

O drama atual é tão grande que existe um projeto de Lei Federal de autoria de um Dep. Vanderlei/SP proibindo a indução de consumo exagerado ou irresponsável de bebidas alcoólicas em eventos –  os “drinking games”.

 

 

A intenção ao escrever este post não é fazer apologia contra as festas/baladas e bebida. Ao contrário, entendo que participar desses eventos faz parte do crescimento humano como ser social que somos e da construção da identidade do próprio jovem.  

 

 

Questiono apenas, acerca  do que está por traz dessa LIBERDADE sem limites ? Dessa busca por uma  FELICIDADE frágil? Do prazer sem pensar nas consequências ? Da incapacidade dos pais em impor limites para não frustrar o individuo ?

 

 

Até onde, o liame entre o permissivo passa ser abusivo ?  O que está por traz do verniz da diversão e do prazer ?

 

 

O que se esconde ? O vazio da alma ? A falta de sonhos e perspectivas? Estar só numa multidão?

 

 

Enfim, após a apoteose das festas, vemos apenas jovens sorumbáticos, arrependidos e perdidos diante de suas escolhas (comportamentos), que muitas vezes redundará em acidentes automobilísticos, alcoolismo, drogadictos, comportamentos sociais questionáveis e gravidez indesejada.

 

 

Iludidos pelo culto a imagem, autoafirmação e do bordão que  “todo jovem faz isso e é normal beber”,  adolescentes e jovens inserem PREMATURAMENTE na mochila da vida, pesos e cargas que a princípio parecem leves, mas que durante a árdua, desconhecida e por vezes opressiva caminhada dos anos,  os colocará EMPAREDADOS  e EXPULSOS, só que da vida real, diferente do  programa BBB da TV.

 

 Existe um provérbio que diz:

“ A juventude é a idade em que os olhos brilham sem ver.”
 
Assim, cabe a nós, pais, educadores, tios e amigos de tantos jovens de buscar um mecanismo para faze-los enxergar suas escolhas sem deixa-los perder o brilho dos olhos.

 

 

 

 

    

 

2 comentários:

  1. Excelente texto para reflexão.

    Também tenho filho que daqui a pouco vai querer estar na noite.

    A família educa, a escola instruir e ajuda a educar, a "igreja" ajuda a evangelizar, mas todo o resto, tudo a nossa volta deseduca...

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  2. Minha querida, é a pura realidade...o prazer pelo prazer, sem medir consequências, parece dominar a cena...(ou será fuga da realidade?) Penso todos os dias nos meus jovens e nos jovens em geral, cada vez que paro para ouvir o noticiário. É triste, e nem sempre os pais estão atentos ao que está acontecendo... Hora de refletir!
    Beijos e saudades!!!

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