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sexta-feira, 27 de julho de 2012

A imortalidade através das tradições ...


“Façamos das antigas memórias as grandes armas da esperança e tiremos das doces lembranças a matéria prima para novas histórias.” Lucas Ferreira




Da memória infantil sempre me recordo das festas realizadas no sítio do meu avô materno localizada no município de Santo Antonio do Leverger.



O local denominado por “Borralho” surge como um lugar mágico nessa memória emocional.



Dos banhos no rio Cuiabá, à época livre da poluição, a alegria de moer cana de açúcar para tomar “garapa” coada na hora, sendo que nós (os netos) disputávamos no empurra-empurra o lugar do animal de carga.



Quanta inocência e pureza !!   



Lembro-me da confecção da “queimada ou puxa-puxa”, onde reunidos ouvíamos estórias e histórias de experiências vivenciadas por nossos avós, tios e primos mais velhos.



Catar laranja no pé, mexer no galinheiro e pescar lambaris na beira do rio com balde no momento da limpeza dos peixes graúdos, nos remete a uma doce nostalgia.



Até dos momentos tensos, quando atravessávamos “na força do braço” remado, o rio Cuiabá numa canoa de madeira, já judiada pelo uso, onde se misturava naquela embarcação desde panelas, cobertores, colchões, redes, crianças, jovens e idosas até cachorros de estimação.



Pela graça Divina nunca ocorreu nenhum acidente.



Dormíamos numa casa de adobe e pau-a-pique, num espaço exíguo, com redes transpassando umas as outras e colchonetes no chão.



Quanta satisfação !!!



Não havia luz, muito menos TV ou internet.



O fogão era a lenha e na hora de dormir, de maneira milimétrica conseguiamos nos acomodar pela sala, quarto e cozinha e a noite sob a luz do lampião contavam-se mais histórias.



Assim se passava aos descendentes os costumes e tradições familiares.



Eram encontros que permitiam repassar os ensinamentos às próximas gerações.



Nos dias atuais, somos “escravos do tempo” e vivemos num mundo individualista em que a rapidez das informações é ponto central da vida. Distanciamos, dessa forma, cada vez mais da emoção em compartilhar vivências.



Entendo que participar das tradicionais festas familiares, como o Natal, Ano Novo, Festa de Santo ou outra de igual padrão, propicia o compartilhar de experiências adquiridas, além da oportunidade de aproximar gerações, lembrando das trajetórias anteriores, buscando humanidades comuns e a melhor compreensão dos outros e de nós mesmos.



Nesses eventos, nos conectamos com o nosso passado e atualizamos o nosso presente, fomentando um futuro recheado de doces emoções.



As desavenças e desencontros, comuns na vida são esquecidos, sobrevivendo apenas o nexo comum da memória entre as gerações.



O vínculo de união começa a se estabelecer desde a preparação do cardápio, na discussão acerca do “molde” do evento até  nas inovações trazidas pela criatividade de cada festeiro.



Dessa forma nos tornarmos únicos – filhos e filhas oriundos de uma árvore que produziu bons frutos – com a motivação de perpetuarmos conhecimento, vivências, estórias e histórias a nossos descendentes.



A imortalidade de cada um se torna palpável em nossa memória quando relembramos as características, as peculiaridades e as ações dos nossos familiares.



A sabedoria está em saber colher desse néctar, lembranças e aprendizados que nos permitam expandir como ser humano pleno, mas consciente de sua raiz.


Ah, só para mencionar, em agosto iremos ao Borralho comemorar a tradicional festa de São Benedito e São João da família Ribeiro Teixeira.



Lá encontrarei com parentes que pouco vi no ano que se passou (embora presentes na memória), novos parentes (crianças nascidas) e novos agregados.



Este ano com o diferencial de comemorarmos o centenário de minha avó Benedita.



Viva a tradição !!!

     



     





2 comentários:

  1. Viva a tradição! Quanta verdade!Sem elas estaríamos mais desmemoriados e menos sensíveis à delicadeza e às sutilezas da vida em família e em comunidade.Por isso, às vezes, passando por cima de algum cansaço, a gente tem que se obrigar a fazê-las acontecer. No final, todos ficamos felizes pelo encontro e pelas recordações, mantendo a tradição para os novos membros da grande família humana! Beijos e parabéns pelo post. Te amo.

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    1. É isso mesmo Tia Bety!! Por isso os nossos Natais são imprescindíveis para manutenção do liame que une a todos nós e que venho a 02 anos reforçando nos poemas lidos durante a festa. A memória e as lembranças são perolas que nos acompanham em todos os momentos e lugares, Nunca estamos sós com elas. Bjs Carla Te amo

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