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segunda-feira, 2 de julho de 2012

Amizade segundo a virtude






Navegando pela rede social encontrei uma amiga de adolescência muito querida e que não falava há pelo menos 20 anos.

Os caminhos se separaram e cada qual foi batalhar seu espaço na vida. 


Aos críticos que desmerecem as redes sociais faço um adendo às colocações acerca do perigo, exposição e vulnerabilidade aos que fazem o uso dessas redes.



 De fato, algumas pessoas se expõem em demasia ou usam a rede social para fins diversos, contudo, milhares de outros indivíduos a utilizam de forma positiva.



Tal como aconteceu comigo, conheço pessoas que encontraram amigos de infância e adolescência “perdidos” pela dinâmica e vai e vem da vida e que mediante a acessibilidade proporcionada pelas redes agora colocam o “papo” em dia.



A velha amizade, aquela de bate papos e confidências continua a existir, dividindo seu espaço com a amizade virtual, que tal qual a amizade antiga deve-se seguir com atenção e cuidado quanto os amigos eleitos.



A palavra amigo vem do latim amicus, cuja raiz do verbo “ami”, que significa “gostar de”  “amar”.




De acordo com Platão, Sócrates classificava a amizade em três tipos distintos:



1-   Amizade segundo o Prazer que é motivada por aquilo que é agradável de um para outro. Pessoas espirituosas/ engraçadas tem muitos amigos, devido ao prazer que proporciona aos outros.



2-   Amizade segundo a Utilidade  é a estabelecida pelo bem que uma pessoa pode receber da outra. Relações de trabalho/comercial.



3-   Amizade segundo a Virtude  é a que se estabelece entre pessoas que são “bons e semelhantes” na virtude, pois tais pessoas desejam o bem a outra de modo idêntico e são bons em si.





Socrátes classificava  como  verdadeira amizade aquela chamada amizade pela virtude, pois as demais são consideradas efêmeras e passageiras, desaparecendo quando motivo desfaz. 


Desejo falar um pouco sobre a adolescência, sua brevidade e a amizade.



A infância dura 12 anos, a vida adulta pelo menos 60 anos, enquanto a adolescência dura pouco mais de 06 anos, por isso acho que ela é vivida de maneira intensa e inesquecível.  



As amizades conquistadas durante essa fase permanecem em nossa memória emocional pela vida inteira, mesmo que a distância e as mudanças e transformações naturais da existência as separe.



Dessa amizade colhemos a pureza dos sonhos que compartilhamos nas conversas “leves” de fim de tarde...

Dos planos elaborados acerca do amanhã, tendo como alicerce apenas aquele desejo intuitivo de “arrumar o mundo”.

Quantos ideias mirabolantes, ingênuas e otimistas fomentavam nossa memória.


Somos invencíveis, imortais, nada nos atinge enquanto adolescentes...



E muitos perdem a vida ou se perdem na vida por se considerarem inatingíveis pelas tragédias e fatos da vida.



Mas a despeito disso, acredito que a “loucura ingênua” e idealismo dessa fase da vida são necessários para amadurecimento do fruto.



É o momento que damos o retoque final aos ensinamentos colhidos da infância e moldamos nossa trajetória para além ... pro futuro.



E em torno a tudo isso estão nossos amigos.



Essa minha amiga tinha um carro que apelidamos de Gleyde (pelo cheirinho que tinha) e ele era o ponto alto dos encontros e saídas.



 A independência proporcionada pelo “Gleyde” nos elevava a esfera das “poderosas” no grupo escolar.



Quando saímos era uma farra de meninas dentro de um Fiat 147, rodando pela Cuiabá e nos points da Avenida do CPA – Pinos Ball, a boate Millionairs, Pepita de Ouro, Dukas e o Terraçus, na Av. Mato Grosso (Papagaio Grill), Av. Getulio Vargas (S.O.S. sanduiches – o nosso Macdonald´s à época).




Com ela dividi sonhos e confidências e discutíamos sobre as dúvidas quanto a profissão que escolheríamos,  que ia desde Turismo, Biblioteconomia, Odontologia, Direito até a Antropologia ...



Uma miscelância de opções diferentes demonstrando o quão “perdidas” estávamos!!!



Eu me formei em Direito e a Lu em Odontologia.



Acredito que no fim acertamos !!!



Nós éramos tão unidas que até quando eu levei “pau” na escola, ela levou junto ... kkkkkkkk



Que solidariedade !!!



Hoje eu rio disso, mas na época foi um fato marcante na minha vida e acredito que na dela também.



Foi nessa reprovação escolar que eu percebi que “coisas” não tão boas também poderiam me atingir.



Eu amadureci.  



Percebi que meus atos tinham consequências e que o maior ferido por escolhas erradas era EU mesmo.



Acredito que a partir dessa reprovação, eu mudei para o mundo e comecei a enxerga-lo de maneira mais realista e menos inconsequente.



Nunca mais tirei notas baixas, passei em meu primeiro vestibular para um curso muito concorrido na UFMT e sempre fui uma aluna considerada aplicada e “CDF”.



A você Luciane, saúdo pelo reencontro e dedico este post.



































     


Um comentário:

  1. Observação não foi Sócrates quem classificou a amizade em três espécies, mas Aristóteles, especificamente em seus livros VIII e IX da Ética a Nicomaco.

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