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quarta-feira, 16 de maio de 2012

A cobrança


Já narrei no último post que adoro futebol.

Esse amor foi repassado por meu pai que levava meu irmão Guilherme e eu para assistirmos aos saudosos jogos no estádio do Verdão entre o Mixto Esporte Clube e o Dom Bosco.

O jogo era importante, mas o vai e vem das pessoas, vendedores e "figuras" no estádio faziam a diferença.

Comia amendoim queimado, pipoca, churros e outras iguarias e bebia sacolé ou refrigerante.

Foi lá, nessa atmosfera totalmente masculina que aprendi a falar palavrões, o estádio era como território neutro, uma SUIÇA para palavrões, lá ninguém me impedia de proferi-los ... Era um deleite de transgressão.

Hoje não temos estádios e nem times em Cuiabá, assim a regra de liberação para palavrões em jogos de futebol, vale também para meus filhos quando assistem pela TV a uma boa partida de futebol.

Aprendi a valorar a importancia do futebol e repasso a "benfeitoria" a meus filhos.

É verdade que quando falamos de times nacionais, o futebol divide e forma grupos, mas quando se chega a Copa do Mundo, somos uma Nação unida pela cor verde amarelo.

Contudo, a verdadeira aprendizagem acontece no "meio tempo" entre a humildade da derrota e o orgulho da vitória.

É na disputa dos campeonatos que aprendemos a respeitar os adversários e entender que não ganhamos sempre.

Cada dia é um dia, cada jogo um jogo. A estratégia é que é nossa!!!

No mundo masculino saber e entender futebol é quase passaporte para entrada nesse clube do bolinha ... coisas de meninos, mas que eu e tantas outras meninas transgredimos e avançamos, pedindo espaço.   

E como tenho dois filhos, tenho a missão de inseri-los nesse fantástico, competitivo e democrático esporte que é o futebol.

Toda essa assertiva acima é para explicar porque comparo a cirurgia de ressecção do câncer, a qual me submeti no dia 11 de maio,  com a cobrança de um pênalti.

Li uma frase na internet que dizia o seguinte:

 " O pênalti é tão importante que devia ser cobrado pelo presidente do clube."

 Escrevo em linguagem de crônica futebolística, os momentos intensos vividos no  período pré e pós operatório ao qual me encontro, tendo recebido alta e aguardando da confirmação do gol pelo Juiz, ou seja, o sucesso da operação.

Antes porém, um breve passar pela Wikipeida: " Pênalti, Penalty ou Penalidade Máxima é a falta suprema para o time. Para a cobrança a bola é colocada na linha da grande penalidade (no centro da meia lua, em frente a baliza) e o duelo trava-se unicamente entre o rematador e o goleiro.


E assim vamos:

“Esta marcado no calendário lá de casa - 11 de maio de 2012, o dia que "cobrei" um dos penalties mais importantes da minha vida.  

Falta na grande área ... Discussões entre os adversários.

Intercessão do Juiz.

Apito de penalty soprado pelo Juiz, não tem retorno, é cobrança na certa. 

Nem adianta ai,ai,ai ou ui, ui, ui.

Assim, caminhei pisando duro na grama, com o propósito de marca-la para o momento, deixando o meu rastro...

Peguei a bola na mão do Juiz com firme propósito (embora trêmula por dentro).

Não restava alternativa.

A responsabilidade é minha de cobrar o pênalti.

Coloquei a bola com carinho na marcação branca defronte ao gol.

Olhei para a arquibancada, vi rostos esperançosos e incentivadores.

Balancei a cabeça, como se tomasse coragem e aceitasse o que o destino pudesse me ofertar.

Dei alguns passos para trás e escolhi a estratégia mental da cobrança.

Ouvi o apito soar...

Prendi a respiração e  posicionei o pé para correr e chutar de trivela.

Vi  de relance a ansiedade do goleiro, senti o respirar da torcida e corri ...

Corri para a bola, como se dela  dependesse minha vida  (e de fato dependia!)

E chutei consciente .....

Ela alçou voo e tomou a direção almejada, fazendo uma leve, mas estudada curvatura no ar.

O goleiro saltou de olhos esbugalhados e dentes arreganhados para a bola, no intuito de amedronta-la.

Estava ali para impedir o gol.

E ele pulou de um lado e a bola passou por outro.

Tudo estava dando certo naqueles segundos de apreensão.

Só dependia da bola, da física e da sorte para ela entrar e esticar a rede atrás que a aguardava ansiosa esperando-a  de “braços” abertos.

 Sim, a rede sempre espera a bola de “braços abertos”, visto que sua missão  de rede é fazer o adversário feliz com o papel de "agarrar" a bola e indicar G O L.   

A redondinha entrou bonita, mas caprichosa.

E é GOOOOOOOOOOOOOLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLL!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Coração disparado, agora de uma emoção sublime ...

Me senti inteira ... plena ... feliz ...

Olho para o Juiz a fim de aguardar a confirmação do gol.

Ele me olha com aquele olhar de “confie ...”.

Então chama a atenção de todos jogadores fazendo soar o apito.

Levanta as mãos ...

Eu olho a direção das mãos.

O público aguarda milésimos de segundos para gritar GOOOLLLLLLL.

Milésimos de segundos que parecem dias."





Vamos aguardar juntos esses milésimos de segundos, com dedos das mãos retorcidos numa Figa e orando para a decisão do Juiz.
  




2 comentários:

  1. Estamos em pleno campeonato então o gol foi tudo que queríamos que acontecesse, acertadissimo.....pleno de pura emoção.....voce ganhou a partida, vamos agora caminhar para carregar a taça de campeão....somos um time só, inteiros , torcendo pela sua vitória e estamos precisando apenas de mais um ou dois jogos, para a vitória final, mas temos certeza que a Taça é Sua, e de quebra é nossa também, pois Deus em sua infinita misericórdia nos permitiu essa felicidade de participar da sua vida e estar ao seu lado, neste momento único de alegria e agradecimentos pelas graças que têm alcançado!!!! bjos

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  2. É isso mesmo, Tia!!! Adorei a ideia de carregar a taça!! Mas ela é nossa ... Bjs Te amo

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