Navegando pela rede
social encontrei uma amiga de adolescência muito querida e que não falava há
pelo menos 20 anos.
Os caminhos se separaram e cada qual foi batalhar seu espaço na vida.
Aos críticos que
desmerecem as redes sociais faço um adendo às colocações acerca do perigo,
exposição e vulnerabilidade aos que fazem o uso dessas redes.
De fato, algumas pessoas se expõem em demasia
ou usam a rede social para fins diversos, contudo, milhares de outros
indivíduos a utilizam de forma positiva.
Tal como aconteceu
comigo, conheço pessoas que encontraram amigos de infância e adolescência
“perdidos” pela dinâmica e vai e vem da vida e que mediante a acessibilidade
proporcionada pelas redes agora colocam o “papo” em dia.
A velha amizade, aquela
de bate papos e confidências continua a existir, dividindo seu espaço com a
amizade virtual, que tal qual a amizade antiga deve-se seguir com atenção e cuidado
quanto os amigos eleitos.
A palavra amigo vem do
latim amicus, cuja raiz do verbo “ami”, que significa “gostar de” “amar”.
De acordo com Platão,
Sócrates classificava a amizade em três tipos distintos:
1- Amizade
segundo o Prazer que é motivada por aquilo que é agradável de um para outro.
Pessoas espirituosas/ engraçadas tem muitos amigos, devido ao prazer que
proporciona aos outros.
2- Amizade
segundo a Utilidade é a estabelecida
pelo bem que uma pessoa pode receber da outra. Relações de trabalho/comercial.
3- Amizade
segundo a Virtude é a que se estabelece
entre pessoas que são “bons e semelhantes” na virtude, pois tais pessoas desejam
o bem a outra de modo idêntico e são bons em si.
Socrátes classificava como verdadeira amizade aquela chamada amizade pela
virtude, pois as demais são consideradas efêmeras e passageiras, desaparecendo
quando motivo desfaz.
Desejo falar um pouco
sobre a adolescência, sua brevidade e a amizade.
A infância dura 12 anos,
a vida adulta pelo menos 60 anos, enquanto a adolescência dura pouco mais de 06
anos, por isso acho que ela é vivida de maneira intensa e inesquecível.
As amizades conquistadas
durante essa fase permanecem em nossa memória emocional pela vida inteira,
mesmo que a distância e as mudanças e transformações naturais da existência as
separe.
Dessa amizade colhemos a
pureza dos sonhos que compartilhamos nas conversas “leves” de fim de tarde...
Dos planos elaborados
acerca do amanhã, tendo como alicerce apenas aquele desejo intuitivo de
“arrumar o mundo”.
Quantos ideias
mirabolantes, ingênuas e otimistas fomentavam nossa memória.
Somos invencíveis,
imortais, nada nos atinge enquanto adolescentes...
E muitos perdem a vida ou
se perdem na vida por se considerarem inatingíveis pelas tragédias e fatos da
vida.
Mas a despeito disso, acredito
que a “loucura ingênua” e idealismo dessa fase da vida são necessários para
amadurecimento do fruto.
É o momento que damos o
retoque final aos ensinamentos colhidos da infância e moldamos nossa trajetória
para além ... pro futuro.
E em torno a tudo isso
estão nossos amigos.
Essa minha amiga tinha um
carro que apelidamos de Gleyde (pelo cheirinho que tinha) e ele era o ponto
alto dos encontros e saídas.
A independência proporcionada pelo “Gleyde”
nos elevava a esfera das “poderosas” no grupo escolar.
Quando saímos era uma
farra de meninas dentro de um Fiat 147, rodando pela Cuiabá e nos points da
Avenida do CPA – Pinos Ball, a boate Millionairs, Pepita de Ouro, Dukas e o
Terraçus, na Av. Mato Grosso (Papagaio Grill), Av. Getulio Vargas (S.O.S.
sanduiches – o nosso Macdonald´s à época).
Com ela dividi sonhos e confidências e discutíamos sobre as dúvidas
quanto a profissão que escolheríamos, que ia desde Turismo, Biblioteconomia,
Odontologia, Direito até a Antropologia ...
Uma miscelância de opções
diferentes demonstrando o quão “perdidas” estávamos!!!
Eu me formei em Direito e
a Lu em Odontologia.
Acredito que no fim
acertamos !!!
Nós éramos tão unidas que
até quando eu levei “pau” na escola, ela levou junto ... kkkkkkkk
Que solidariedade !!!
Hoje eu rio disso, mas na
época foi um fato marcante na minha vida e acredito que na dela também.
Foi nessa reprovação
escolar que eu percebi que “coisas” não tão boas também poderiam me atingir.
Eu amadureci.
Percebi que meus atos
tinham consequências e que o maior ferido por escolhas erradas era EU mesmo.
Acredito que a partir
dessa reprovação, eu mudei para o mundo e comecei a enxerga-lo de maneira mais
realista e menos inconsequente.
Nunca mais tirei notas
baixas, passei em meu primeiro vestibular para um curso muito concorrido na
UFMT e sempre fui uma aluna considerada aplicada e “CDF”.
A você Luciane, saúdo
pelo reencontro e dedico este post.
Observação não foi Sócrates quem classificou a amizade em três espécies, mas Aristóteles, especificamente em seus livros VIII e IX da Ética a Nicomaco.
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