Nós deixamos nossa vida tão
cheia de compromissos diários que deixamos de apreciar as coisas mais singelas
que nos rodeiam.
A correria para cumprir
metas na profissão, de trabalhar exacerbadamente e fora de horários dignos, nos
leva a valorar atividades não tão vantajosas a nós mesmos e
que de alguma forma prejudicam nossa saúde ou relacionamento familiar.
Utilizamos da alegação de
escassez de tempo para delegarmos tarefas a terceiros (avós, marido,
empregadas) ou deixamos de realiza-las por completo.
Assim, pouco a pouco deixamos
de levar os filhos à escola, de fazer supermercado, de ir à ginástica, de
frequentar cursos não ligados a profissão (pintura, música, inglês, culinária).
Chegamos em casa tão
cansados física e mentalmente que até do espírito deixamos de cuidar.
Enfim, o exercício de atividades
que tem o condão de nos resgatar do “olho do furacão” passam a ser secundárias
numa escala de valores invertida e não detectada conscientemente.
Nesses dois meses de
licença médica, voltei a ter o tempo sob o meu controle e consequentemente
comecei a apreciar as atividades que antes ou eu fazia na “correria” para cumprir e
não curtia os momentos ou as delegava aos “colaboradores” - pais, marido ou
empregada, o me levava a “culpa” mental.
A grande encruzilhada das “mulheres
modernas” é essa: “Se correr o bicho pega,
se ficar o bicho come ...”
E então, indago:
Vale a pena pagar o preço
alto dessa multifuncionalidade assumidas na vida contemporanea?
Será que no afã de
exercermos todas as atividades e compromissos assumidos, conseguimos ser uma
profissional de sucesso, mãe perfeita, esposa exemplar, filha atenciosa, irmã
companheira, colega eficaz, amiga presente ? ( Ufa, cansei só de enumerar as "perfeições' !!!)
O que queremos provar com
esse leque variado de funções?
Ou pior, a quem queremos
provar que podemos ser tudo isso e muito mais ?
Estamos ligados na tomada
a 220 watts.
Elétricas (os) ...
Outro dia, sentada no
shopping para tomar um cafezinho, observei uma família sentar-se próximo a
minha cadeira. Era um casal com duas filhas.
A adolescente sacou um I-Pad
e se pôs a mergulhar na internet. A filha menor estava com um jogo de Nintendo na
mão.
Os pais conversavam entre
si, mas vez ou outra checavam e-mails e redes sociais durante a conversa.
Conclusão, a família
estava junta fisicamente, mas ao mesmo tempo distantes emocionalmente uma das
outras.
Ninguém “vivia” aquele
momento de relaxamento.
Estavam todos conectados,
cada um em seu mundinho ...
O ócio não existe mais.
Sabe o ócio ..
Aquele momento
que desligamos de tudo e só apreciamos estarmos vivos, que muitos contextualizam pejorativamente com preguiça e outros dizem que é o momento criativo.
Pois é, esse momento importante - o ócio,
aonde conseguimos escutar a nós mesmos, se esvai pelo excesso de
atividades.
Hoje, ir ao supermercado
e gastar o tempo ali, naquela atividade rotineira é prioridade. Afinal, escolher
alimentação saudável para minha família deveria ser fundamental, não é?
Eu cheguei ao cúmulo de cronometrar
tempo gasto no mercado a fim de buscar fórmulas (começar pelas gôndolas das
frutas ou no açougue) para terminar o
quanto antes essa atividade a fim de exercer outra.
Tolice ...
É verdade que nunca abri
mão de acompanhar meus meninos, faço questão de estar presente nas atividades
escolares e extra escolares. A única desvantagem era que não sobrava tempo para
mim.
Ou melhor, o tempo que me
sobrava era para depois da 22:30 h !!!
Eu - Carla Patrícia só
podia apreciar um bom filme, ler a internet (na seção de “futilidades”) ou ler
um bom livro depois de um longo dia e já com pouca energia.
Deixei de fazer aulas de
“conversação” de inglês, nunca fiz o curso de culinária almejado, deixei de
frequentar assistência espiritual e outras “cositas’ mais.
“Pisa no freio” !!!!
É assim que vejo essa
parada forçada pela doença.
O meu inconsciente grita:
P A R E !!!
S I N T A !!!!
A P R E C I E !!!!
S A B O R E I A VIDA !!!
Atualmente consigo
ouvi-lo. Rsrsrsrsrsrs
Se existe outra vida após
esta ou se iremos nos encontrar no final dos tempos, não sei !! ...
A certeza dessas
indagações creio que todos nós só teremos depois de partir.
Enquanto isso, estou aqui
!!!
Nesta vida !!!
Estou cheia de expectativa,
sonhos e planos para vivê-la de maneira mais sensata, plena, inteira e de
entrega.
Iniciando com o hoje –
Carpe Diem !!!!
Vai um poema de Mário Quintana, sobre o tempo.
O Tempo
“A vida é o dever que nós
trouxemos para fazer em casa.
Quando se vê, já são seis
horas!
Quando se vê, já é
sexta-feira.
Quando se vê, já é natal
...
Quando se vê, já terminou
o ano...
Quando se vê perdemos o
amor da nossa vida.
Quando se vê passaram 50
anos!
Agora é tarde demais par
ser reprovado ...
Se me fosse dado um dia,
outra oportunidade, eu nem olhava o relógio.
Seguiria sempre em frente
e iria jogando pelo caminho a casca dourada e inútil das horas...
Seguiria o amor que está
a minha frente e diria que eu o amo..
E tem mais: não deixe de
fazer algo de que gosta devido à falta de tempo.
Não deixe de ter pessoas
ao seu lado por puro medo de ser feliz.
A única falta que terá,
será a desse tempo que, infelizmente, nunca mais voltará. “
Texto simplesmente maravilhoso e traduz a minha vida pois na grande maioria das vezes, 99%, deixei meus filhos de lado e a mim, por causa de trabalho, sempre querendo ser a super mulher, esperando reconhecimento de pessoas que sequer se importavam comigo ... tenho analisado muito tudo isso que tem acontecido em minha vida, lendo suas postagens e me identificando demais ... percebo que tenho que mudar o meu jeito de ser, de encarar a vida, de estabelecer prioridades ... preciso mudar ... só nao sei como começar !! beijos, tenha fé e força, vc vai sair dessa com toda certeza ...
ResponderExcluirCara amiga !! Quando escrevo penso nas minhas colegas de profissão, dedicadas guerreiras no servir ... Idealistas e sonhadoras, mas acima de tudo humanas!!! O medidor do tempo é vc quem faz !!! SEi do seu esforço e desapego ... O principal e mais dificil passo é o primeiro ! Confie em vc e na Providência Divina para te guiar. Bjs e obrigado pelo incentivo. Torço por vc também.
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