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domingo, 26 de fevereiro de 2012

O Tempo vai passar ...



"Não tenhamos pressa, mas não percamos tempo."
José Saramaigo


Descobri que adoro surpresas !!!!

Das boas é lógico!!!

Hoje, pela manhã ao abrir o meu facebook, vi uma postagem que meu marido Antonio Carlos havia colocado no dia anterior.

Era um linda declaração de amor. (É a foto acima ...)

A emoção apertou a garganta e as lágrimas rolarem soltas.

Pura felicidade.

Quem o conhece, sabe que ele é uma pessoa de temperamento introvertido, mas de um coração enorme.

Amigo, cúmplice, sincero, meu iaiá meu ioiô ...

Além de ser ranzinza, metódico, e incapaz de “errar”... (Desculpe, meu anjo, força do hábito)

Somos o oposto, mas dizem que eles se atraem.

Meu pai sempre me fala que só Antonio para me aguentar ... E eu concordo...

E nesse corre corre, constato com incredulidade que já se passaram 28 anos desde que eu o conheci, sendo que de casados completamos 20 anos.

Abrindo o baú da memória...

Vou contar como conheci Antonio Carlos.

A primeira vez que eu o vi foi dentro de um ônibus (eu tinha 14 anos de idade),  eu e algumas amigas retornávamos da escola – Coração de Jesus para casa. E ele também vinha com a leva de meninos do Colégio São Gonçalo ao final da aula.

Era pura adrenalina e hormônios no ônibus...

Juro que me lembro, sem fechar os olhos, daquele rapaz magrinho, usando um suéter bege ( sim, em estava frio naquele dia), passar por mim e ficar a frente conversando com uma menina da minha escola.

Ele papeando com a outra e eu olhando cumpriiidoo...

Foram meses, nesse ritual ... E nada de aproximar-se de mim.

 No ano seguinte (1983), entrei para o Colégio São Gonçalo, era a primeira turma mista (meninos e meninas) estudando juntos no 2º Grau.

Vocês imaginem o furor ... os hormônios ...

Enfim, estava lá eu sentadinha em minha carteira (sempre fui CDF), quando surge na porta o garoto do suéter bege, que agora vestia uma camiseta regata verde, daquelas que fica mostrando as axilas... Um horror hoje!

Mas naquele tempo estava “IN”.

Antonio é peludo e se distinguia dos meninos imberbes e espinhentos do 1º Ano do 2º grau.

Era quase um homem adulto ... rsrsrsrsrs

E para minha surpresa, com o dedo do destino ou cupido, ele veio e sentou-se na cadeira em frente a minha.

Meu coração disparou ...

Sorri acanhada e assim floresceu uma amizade especial e de alma.

Ainda hoje, quando o olho, não vejo esse senhor de 44 anos, grisalho, um pouco acima do peso, mas enxergo aquele jovem do ônibus escolar.

O namoro não veio cedo não, deixei-o de “molho” por um bom tempo.

Ele diz que eu o coloquei de castigo por ele ter me ignorado um ano no ônibus, sabe-se lá como funciona o inconsciente feminino né?!? (rsrsrrrsrsrsrsr)

Enfim, namoramos, noivamos, casamos ainda quando fazíamos faculdade, mas decidimos ter filhos após a conclusão da faculdade e melhoria das condições financeiras.

Após 09 anos de casados, vieram Túlio e depois de 02 anos veio o  Tiago.

Eles chegaram para virar a nossa tranquila e acomodada vida de casal sem filhos, num turbilhão de momentos felizes e emoções inesquecíveis...

Deixamos de ser um do outro, para sermos muito mais ...

Mas como a vida de qualquer mortal, ela tem altos e baixos..

E a nossa não é diferente ...

Apenas os vôos tem sido mais rasantes ...

Em 2005 tive o câncer no estômago, quase morri de infecção e embolia na UTI ...

Recuperei-me !!!!

E agora 2012, novo vôo rasante – recidiva gástrica.

O meu Antonio com seu jeito calado, de sofrer quietinho, reclamar menos ainda, tem sentido  muito, pois temos uma simbiose muito forte.

Por isso, hoje ao acordar e ler aquela declaração de amor numa rede social – Facebook, percebi que ele está reagindo, está se mostrando, se desnudando...

Nesses 20 anos de casados, sempre fizemos questão de respeitar a individualidade de cada um.

É claro que já houve atritos e sempre procuramos o meio termo para solucionar a demanda.

Casar, achando que não terá que ceder, é assinar a sentença de fim de casamento na certa.

Penso que a arte de permanecer casado se apoia na exercício do ceder, mas essa cessão, não pode ser medida tal qual ingrediente de receita, pesar quem cedeu mais ou menos essa semana ou mês ...

Não, o ceder vem do coração, a medida é o bom senso e a prática sempre aprimora.

Eu sempre o respeitei pelo que ele é e assim vice e versa.

E isso é muito bom ...

 ...

Há uns 15 anos atrás, descobri um poeta libanês chamado Kahlil Gibran e dos muitos poemas que ele escreveu o “Sobre o Casamento” é um dos meus favoritos.

 Vou transcreve-lo para vocês.



“SOBRE O CASAMENTO”

“Nascestes juntos e juntos ficarei para sempre.

Estareis juntos quando as asas brancas da morte acabarem com os vossos dias.

Estareis juntos mesmo na memória silenciosa de Deus.

Mas que haja espaços na vossa união e que os ventos celestiais possam dançar entre vós.

Amai-vos um ao outro, mas não façais do amor uma prisão.

Deixai antes que seja um mar ondulante entre as margens das vossas almas.

Enchei a taça um do outro mas não bebais de uma só taça.

Parti o vosso pão ao meio mas não comais do mesmo pão.

Cantai e dançai juntos, mas deixai que cada um de vós fique sozinho.

Como as cordas de uma lira estão sozinhas embora vibrem ao som da mesma música.

Entregai os vossos corações mas não ao cuidado um do outro.

Pois só a mão da Vida pode conter os vossos corações.

E fica juntos, mas não demasiado juntos.

Pois os pilares do templo estão afastados e o carvalho e o cipreste não crescem a sombra um do outro.”





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