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quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

O MEDIDOR DA FÉ





“Ora, a fé é a certeza de coisas que se esperam, a convicção de fatos que se não vêem” Hebreus 11:1


ü  “Fé” deriva do latim fides = fidelidade


ü  “Estado ou atitude de quem acredita ou tem esperança em algo.”



 Criada em família de dogma essencialmente católica, estudei dos 07 aos 17 anos em colégio salesiano (Coração de Jesus e São Gonçalo), que além da doutrina católica ensinada, eram à época (idos de 1975/1985 ...) as melhores e mais conceituadas escolas do ensino básico, fundamental e médio de Cuiabá.

Como todas as crianças e adolescentes que ali estudavam, participar de missas, confessar, falar em Deus, saber dos fatos da Bíblia: "quem era quem" na ordem daquele emaranhado de pessoas bíblicas ...  era “natural”, fazia parte do ambiente.
Lembro-me que aos domingos minha mãe, ia a missa na Catedral e sempre levava eu e Guilherme (meu irmão – 03 anos mais novo).

Assim, gostava do espaço da igreja, do silêncio e de sua opulência, que me fazia sentir pequena e respeitosa diante da grandiosidade de Deus e seus Mistérios...

Lembro-me que durante a missa, delongava-me no tempo, admirando os desenhos da Via Crucis – onde me perdia entre o lúdico e o real.

Ainda hoje, quando vou a uma igreja desconhecida, fico quase que hipnotizada pela via Crucis (ora em pintura, ora em desenho ou madeira ...).
Somando aos estudos em colégios católicos, foi fundamental a influência religiosa  que veio pelo lado materno da família. 

Meus familiares maternos (só de primos em 1º grau somos quase 200) são oriundos de uma pitoresca cidadezinha próxima de Cuiabá – Santo Antonio do Leverger, que cultua a fé cristã (vale a pena conhecer a Igrejinha de Santo Antonio).
A Festa de Santo Antonio, no dia 13 de junho movimenta a cidade e traz lembranças pretéritas imensuráveis (bolo de arroz, revirado, farofa de banana, Maria Izabel, pastel, brincadeiras infantis, tios, tias, avós, foguetes, alegria, alegria ...) 

                                                                        ...

A criança cresceu ...

E a adolescente surgiu... e naturalmente, a “simples” Fé não me bastava, agora com os hormônios vieram os questionamentos, as dúvidas ...

Não crismei ...

Nessa época, já vivia o mundo dos “livros”, devorava-os ...

E assim o Espiritismo surgiu em minha vida. Alguém, não me lembro quem, me apresentou um romance espírita e daí não parei mais ...      

Li de tudo: Nosso Lar, romances de Zibia e tantos outros contos. (Já falei que livro é minha perdição (bolso)... gasto, gasto, gasto...)

E quanto mais eu lia, mais fascinada eu ficava, pois ali “explicava” dúvidas e questionamentos antes incompreensíveis ...

Reencarnação, livre arbítrio, resgates ...

Nâo consigo hoje, romper nem com um nem com outro, pois acredito que ambos me completam.

Nem acredito que devo romper com eles, vez que é algo que me faz bem, pois a essência é a mesma: ambos levam a Deus e a caridade ...

Posso me definir como: A católica mais espírita ou a espírita mais católica que conheço ... Contraditório ou não ... Sou Eu...
                                                                                      ...

Quando adoeci pela primeira vez (2005) e o choque do diagnóstico me solapou, foi com a bagagem da fé que me levantei.
Nos dias de desespero "mudo" na UTI (44), em que eu queria levantar, sair correndo, gritar de raiva por não suportar mais tudo aquilo ... Uma Paz sempre invadia minha alma e retirava do coração o amargor.

Senti Deus ... E é tão tranquilo e reconfortante ...

Confesso que briguei com Ele (sim, senhoras, a gente briga com Ele, ou pelo menos questiona-O ...rsrsrs). E fazemos isso direto, perguntando: Deus, Por que eu? Por que comigo? O que fiz de errado? Sempre fiz o bem? O que fiz para merecer isso?

Como se adoecer fosse pecado ...

Atentam-se !!!!!!

Transcrevo texto Coragem e Fé, escrito pelo Pe. Paulo Bazaglia, SSP, publicado no “O DOMINGO”, da Missa do 6º Domingo Comum (12/02/2012):

 “As doenças eram consideradas como resultado de uma culpa, um castigo de Deus por um pecado cometido. Os doentes de pele, porém sofriam maior discriminação e sobre eles Levítico 13-14 previa uma série de regras a observar. Deviam viver afastados do convívio social e alertar aqueles que porventura se aproximassem.

Estavam portanto, os doentes exclusos do convívio social...

O Pe. Paulo então pondera: “Jesus, então veio e mostrou quando se aproximou dos leprosos e curou-os, que a verdadeira religião é aquela que aproxima o ser humano de Deus e cria comunhão entre as pessoas.”

Ah, o tema da Campanha da Fraternidade deste ano é "Fraternidade e Saúde".

Indago: Será que esse comportamento e conduta - exclusão social - era realidade só há dois mil anos atrás ...

Ou está arraigado no inconsciente coletivo dos seres humanos ...

Respondo: Sim, está arraigado no inconsciente coletivo !!!!

E percebo isso, quando eu própria - "EUZINHA" ... fico a buscar motivações para a doença ... “Que fiz de tão terrível?", “É castigo?”, "Devo ter sido uma "praga" na vida passada, duas vezes com câncer em uma mesma vida?" rsrsrsrsrsrsrsrsrsrsrsr 

Amigos, nos dias atuais a lepra é tratável e não causa mais repulsa, mas e a discriminação que impera nos doentes com AIDS  e tantas outras doenças...

E por que não falar no próprio CÂNCER?!?!

Genteem ...

Tem pessoas que nem querem pronunciar o nome CÂNCER, o chamam pela sigla CA, “a doença”, “aquilo”, como se fossem “pegar”, “ser transmitido pelo contato ou fala ...”. kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

“CER HUMANO”. (grafia errada de propósito)


Após o câncer, sempre que eu tivesse conhecimento que alguém tinha sido acometido pela câncer, eu buscava visitar  essa pessoa, pra levar boas vibrações, incentivo, solidariedade.

E ouvia estupefata, comentários de outras pessoas: “ Eu não vou, não sei o que dizer a ela.” “Ela deve estar péssima, querendo se afastar ...” “Eu ia querer fugir e não ver mais ninguém ...”

Sim!!!!!!!!!

Tudo isso é verdade!!!!!

Às vezes queremos fugir, às vezes não queremos ver ninguém (até porque a quimioterapia, nos deixa enfraquecidos), às vezes queremos correr ... mas nunca queremos morrer!!!!!

Não isolem os seus conhecidos doentes, eles precisam de VIDA.

E dela INTEIRA ...
Sem cortes ou censuras, precisam das besteiras, das fofocas, das anedotas, do diário ...

Ouvir: “Não sei o que dizer, a ele(a), agora que ele está com câncer ou AIDS ou seja lá o que for? 
Poupem-se e principalmente poupe-os...

Transmita solidariedade, se as palavras lhe faltam ...

 Seja fraterno ...

 Fale sobre o cotidiano ...

Não fale sobre casos que não deram certo ...

Estatísticas pessimistas ...

Deixe solto ...

O medo é SEU ...

O preconceito é SEU ..

A superação é SUA ...

Temos que vencer os nossos próprios medos ...

 ....  Leva um livro, um doce, um santo, uma reza, um lenço de cabeça ... rsrsrsrs

Leve VOCÊ !!!!




 Dedico este texto, a minha incondicional e amorosa mãe Eloysa ... meu "Porto Seguro" ... e minha CHUM-CHUM também !!! (tá bom Vitinho !!!)








   


2 comentários:

  1. Drª Carlinha, essa postagem foi muito incisiva, pois de fato vc falou a mais pura verdade, claro q. toda regra tem sua exceção, eu reconheço que me enquadro em partes na sua fala, más tbém sei que meu carinho e amor por ti é algo muito sincero.
    bjs carinhosos, esteja na paz do Senhor.
    sua eterna Amiga.Marcinha

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  2. Marcinha querida,

    Eu me enquadro em mtas das partes deste texto. Lembre-se que todos fazemos parte do inconsciente coletivo. Também gosto mto de vc.

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