Outro dia, estava deitada em minha cama, assistindo TV, na companhia de meus dois filhos - Túlio (11 anos) e Tiago 09 anos), quando calmamente Túlio indaga:
" - Mãe, nós vamos pra Barilhoche em Julho?"
Prendo a respiração ...
E antes de "encontrar" uma resposta, logo vem Tiago:
"- É mãe, você disse que ia nos mostrar a neve!"
Relaxo ... Solto o ar devagarzinho ...
Olho pra ambos, que estão aguardando ansiosos pela resposta e digo:
"- Picachus (assim eu os chamo carinhosamente)
" - Lembram-se das adequações que falei que seriam necessárias para passar nesse período do tratamento da mamãe" .
Ambos meneiam a cabeça, se recordando do Dia da "Conversa".
Continuo dizendo:
-" Então, acho que pra Julho não vai dar, talvez outra época"...
Prendo a respiração novamente ...
Desta feita, com medo de indagações que não estava ainda apta para responder, do tipo:
Quando então viajaremos novamente, mamãe? Por que isso está acontecendo? Você vai morrer? Nossa vida vai mudar? Você estará aqui na minha formatura? E quanto ao meu casamento? Abraçara seus netos? ....
Mas não ...
Sabiamente, como só a vida é, ambos olham para mim e sorriram satisfeitos com a resposta ...
Viraram os rostos para a televisão e tudo continuou igual. (pra eles, é claro ..rsrsrs)
Nenhuma outra pergunta, nenhuma outra dúvida ...
Entendi então, que tudo isso está fundado na ABSOLUTA e MARAVILHOSA capacidade INFANTIL de acreditar na Simplicidade da vida e na Confiança no Futuro.
Mais uma lição dos meus "picachus ..."
Vai aqui, uns versos de Fernando Pessoa, que fala sobre Caeiros, homem simples, quase infantil ...
"Eu não tenho filosofia: tenho sentimentos ...
Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é.
Mas porque a amo, e amo-a por isso.
Porque quem ama nunca sabe o que ama
Nem por que ama, nem o que é o amor.
Só que ama ..."
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