Sou a filha mais velha de
uma família de 03 irmãos.
A diferença de idade minha
em relação aos meus irmãos é de 03 anos
para Guilherme e 12 anos para Victor.
Essa diferença de idade
proporcionou relações fraternas diferencias na conduta, porém ambas amorosas.
Com Guilherme disputei
espaço, atenção dos pais e divisão de brinquedos.
Acredito que
algumas relações fraternais (minoria) já nascem prontas, enquanto que a maioria
se desenvolvem com o tempo, quando percebemos que há espaço para cada um na
casa e no amor dos pais.
Eu sempre fui muito moleca,
gostava de jogar bola, brincar de bandido e polícia, andar de skate e
convenhamos quando entramos em loja de venda de brinquedos, as prateleiras masculinas
são bem mais atrativas que as femininas ...
Observem ... na ala feminina
tem ferro para passar, bonequinhas para alimentar e ninar, jogos de cozinha,
vassourinhas ... tudo fixando um esteriotipo de mulher dona de casa.
Na masculina tem jogos,
bolas, carrinhos ...
Nada contra, porém atentem
aos detalhes das linguagens subliminares em ambas as prateleiras – menino e
menina !!!
Voltamos ao post de hoje.
Até os 12 anos de idade, na
disputa entre “poder” ,”espaço” e “força” com Guilherme eu sempre ganhava, até
que o fenômeno do crescimento chegou para a nos distinguir - eu parei de crescer
(fiquei com 1,60) e em compensação Guilherme espichou e me passou (1.83).
Como mulher talentosa
(deixando a modéstia de lado) usei o instinto feminino e resolvi que a partir daquele momento, eu usaria de
outra estratégia, pois que não conseguia mas vencê-lo no “mano a mano” - passei a evitar o conflito direto e as picuinhas
típicas entre irmãos ficaram apenas no “verborragia das palavras”.
Não sou boba, né!
Penso que a disputa e
a competitividade saudável na infância abrem espaço para autoconhecimento e a
percepção de limites e faz parte do crescimento humano, nos ajudando a encarar
o mundo e nos enxergarmos não como seres únicos.
Quando o meu irmão caçula
– Victor - chegou 12 anos depois, eu já estava entrando na adolescência e minha
relação com ele sempre foi de cuidado e proteção.
Ele era o meu irmãozinho/filho,
pois enquanto os meus pais trabalhavam, eu ajudava a cuidar dele.
Até hoje, às vezes quando
quero chamar um dos meus filhos - eu
troco os nomes, ao invés de chamar " TÚLIO" /"TIAGO", e os chamo de – VICTOR !!!! rsrsrsrsrs
O pior é que as trocas dos
nomes estão se tornam mais comuns com o decorrer do tempo, estou ficando velha.
Rsrsrss.
Assim, entendo que a relação
entre irmãos é experiência diferenciada e única e nos propicia carinho, apoio,
ciúmes, inveja, desavença, negociação, brincadeiras e cumplicidade.
E nada como tempo para
nos amadurecer e fazer perceber o quanto somos importantes um na vida do outro.
Na adolescência, o
nosso relacionamento (Guilherme e eu) se distanciou um pouco, aquela camaradagem em meio aos
atritos passou a ser mais rara.
As brincadeiras de bola se tornaram escassas, estávamos
nos conhecendo como adultos e nossos corpos se diferenciando, fato que não existia
na infância, pois eu era quase um guri !!!! Jogava bola, andava de
skate, brincava de luta ...
Quando fiz o intercambio
e fiquei um ano fora, ao retornar para casa (com 18 anos de idade) percebi
novamente mudança no relacionamento meu com Guilherme, a maturidade havia
chegado para ambos e nos tratávamos mais com cumplicidade.
Com Victor e em consequência
da diferença de idade (12 anos), eu atuava no papel de irmã mais velha e “cuidadora”,
ficando mais próxima a ele, que já estava em idade escolar. E como meus pais
precisavam de alguém para leva-lo e busca-lo na escola e nos cursos paralelos
(inglês, natação) Eu me prontifiquei e me aproximei mais ao Victor.
Além de ajuda-los nas tarefas
escolares (menos artes, pois não sou prendada) e eu o consolava diante de conflitos da infância.
Se pudessem resumir, eu
diria que tive uma infância e adolescência
feliz e plena, que me permitiu chegar madura a idade adulta.
Os anos foram passando,
eu me casei, Guilherme se casou e me deu uma irmã de coração – minha cunhada
Alcedina, Victor se tornou médico ...
Formamos hoje um bom
trio, coeso nas conversas sérias e nas mais idiotas também.
Ainda brincamos de um
pegar no pé do outro, e quando nos juntamos – ah, coitado do que será a vítima da brincadeira.
O nosso amor, o respeito, o apoio e a admiração de
um para outro são palpáveis em nosso relacionamento fraternal.
E quando pensei que éramos
totalmente bons parceiros, veio em 2005 o câncer e percebi maior grandeza e entrega
em nosso relacionamento.
O apoio integral dos meus
pais e irmãos, ao Antonio (meu marido) no que tange aos cuidados de meus
filhos somados aos incentivos positivos para minha melhora foram imprescindíveis para
minha recuperação.
Enquanto estava na UTI e
hospital, eu pude me dedicar integralmente a minha recuperação, pois estava tranquila mentalmente, sabendo que meus
meninos estavam sendo cuidados de maneira amorosa.
O diagnóstico dessa
doença mexe com a estrutura familiar.
É o momento de agregação
ou separação.
E graças ao bom Deus, na
minha família foi um momento de agregação.
Nos tornamos mais unidos
na dor e esse amor se mostrou forte e concreto.
Na verdade sempre fomos
muito unidos, tanto é que desde o nascimento do meu 1º filho, todos moramos no
mesmo edifício, porém em andares diferente.
O nosso contato é diário, mas cada qual tem sua
vida particular e procuramos manter um limite na “intromissão” benéfica entre
familiares.
A doença grave aproxima os membros da família,
acionando o processo de socialização com a enfermidade.
“Os sintomas, a perda de
função, as exigências de mudança, relacionadas a doença, nos papeis práticos e
afetivos e o medo da perda através da morte, tudo isso serve para que a família
crie um novo foco interno, contudo esses processos em especial na doenças
graves podem também provocar rupturas na familia.” (Carter e Macglodrick -2001)
“Tudo depende da adaptação
– pois se aumentam as responsabilidades financeiras, domésticas e emocionais,
visto que agora é necessário cuidar do outro e ainda assumir suas
responsabilidades” (Carter e Macglodrick -2001).
No câncer, o stress na
família é muito grande e a permanente incerteza, esgota a família emocionalmente, pois essa doença é instável
quanto ao curso, podendo a cada momento surgir uma melhora ou piora.
Daí, a necessidade dos
familiares também revezarem no cuidado do familiar doente.
Li que o papel do “cuidador”
não é inato, depende de trabalho interno e revezamento, para não afetar
emocionalmente apenas um membro da família, que pode inclusive se tornar doente.
Eu quero dedicar este
post aos meus irmãos Guilherme e Victor e a minha cunhada Alcedina (irmã de
coração) pela dedicação, apoio, amor, carinho, incentivo e tudo mais que vem
demonstrando a mim e a minha família ( Antonio, Túlio e Tiago).
Muito Obrigado !!! Vocês
fazem a diferença e eu os amo !!!!
O texto faz um passeio pela nossas vidas e verifico cada vez mais que estamos ligados eternamente pelo amor.
ResponderExcluirValeu minha Irmã Guerreira.
Guilherme,
ResponderExcluirA nossa ligação é muito forte e sei que posso contar sempre contigo e vc comgo.
Escrevi com amor no coração e dei mtas risadas quando lembrava das peripécias que aprontamos e que eu não quis nos expor .... kkkkkkkk
Chorei um pouco, de nostalgia e lembrança de um tempo puro e ingenuo da infância e adolescência.
O tempo voa e nós devemos aprender a vive-lo e apreci-lo da melhor posssível
Te amo
Carla
Que viagem pela nossa história! Parece que foi ontem e vocês estão com suas próprias famílias formadas e as carreiras desenvolvidas. Olhando as fotos, você não mudou quase nada, a mesma expressão sapeca e ao mesmo tempo amorosa. Esse momento vai passar e dele vamos nos lembrar do amor, da solidariedade e da força da superação.O que vai continuar é essa cumplicidade familiar nos bons e difíceis momentos, na alegria das futuras comemorações que ainda virão.Você está escrevendo parte das memórias da família de um jeito muito especial. E amanhã... um dia mais especial ainda! Te amo.
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