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domingo, 18 de março de 2012

O agora !!!



“ Passei por coisas terríveis na vida, e algumas delas de fato ocorreram”  Mark Twain

Sempre entendi  que viver intensamente não é viver loucamente, de forma desvairada, insana e  sem medir as  consequências ...

Entendo que viver intensamente é viver cada momento, é estar aberto para o novo ...

É estar presente no “agora” de corpo e alma.    

De tantas experiências da vida, vou contar uma que vivi em 1986, com intensidade. 

Fui em busca do novo, do desconhecido ... 

Mas antes de falar acerca dela, vou voltar a alguns anos antes.

Quando comecei a estudar inglês!

Fui  estudar meio que forçada, pois quando se tem 13 anos, a vida parece tão cheia de obrigações que o que mais desejamos é -  nada fazer ...


Assim  estudar inglês  era para mim mais uma escola a frequentar, tarefa a fazer e  obrigação a cumprir ...


Mas, seguindo orientação materna e paterna (e como filha obediente que sempre fui), passei a frequentar o curso de inglês ...

Foram 4 anos ...

 E desse início de "namoro" meio que forçado, brotou um interesse que cultuo até hoje ...

Tenho sede do mundo!!!

Quero conhecer lugares e pessoas ...

Visitar países diferentes e exóticos !

Entender as pessoas  a partir de sua forma de viver e lidar com a vida.

O estudo do novo idioma me fez descortinar o véu do mundo - o conteúdo das lições que narravam o cotidiano da vida em outro país me fascinava e me impulsionava a sair da mesmice do dia a dia.

Era uma descoberta para mim.


 Comecei a sonhar em morar em outro país, foi um vôo para a adolescente provinciana da pequena cidade de Vila Real do Senhor do Bom Jesus de Cuiabá.  


Mas como ????


Vivíamos numa época em que as dificuldades econômicas no Brasil eram grandes e a abertura comercial era quase inexistente do Brasil com mundo  e estava restrita a castas ... 1983!


 E eu não pertencia a casta nenhuma, meus pais eram classe média - mãe professora e pai bancário.

Estávamos no final do período militar ...

Portanto, aquele sonho era um devaneio.

E os anos da adolescência foram passando ...

As aulas do curso de inglês foram ocorrendo e aquele desejo adormecido.


Até que, aos 17 anos de idade, com a intercessão de um tio muito querido – Tio Roberto,  me foi oportunizado  inscrever-me para a seleção de  Intercâmbio de Jovens do Rotary Clube.

Sem muita expectativa, preenchi os formulários e os encaminhei  para Araçatuba/SP, onde se localizava a central de intercâmbios do distrito rotariano.

Fui selecionada ...


E como muita outras coisas que ocorrem em minha vida, a guinada foi fenomenal.


Em menos dois meses tive que arrumar tudo:  documentos,  passaporte, roupas, escola ...


A avalanche da novidade me deixou como que extasiada, não tive tempo para depurar.

 Só vivi intensamente o momento.


 Não dimensionei que iria passar um ano inteiro, longe dos meus pais e familiares, vivendo num lugar estranho, com pessoas desconhecidas e de  idioma e costumes diferentes.

E hoje posso dizer: AINDA BEM que não dimensionei!!!!

Sim, AINDA BEM, pois talvez se assim tivesse feito, eu  não tivesse me lançado de corpo e alma nessa deliciosa aventura.

O inglês apreendido serviu como base para comunicação.

Mas a fluência natural do falar, essa eu penei ! Mas aprendi lá ...
Foi um ano M A R A V I L H O S O !!
Um ano que não houve um fato sequer, um acontecimento qualquer que não tenha valido a pena ter vivido.

E não estou focando  essa experiência em lentes cor de rosa.


Conheci pessoas memoráveis, lugares diferentes e aprendi uma forma diferente de pensar o mundo.


Mas, antes de tudo, me conheci pela primeira vez!!


Aprendi a enfrentar os temores e a acreditar que eu podia tornar sonhos em realidade.

E que podemos nos doar e nos entregarmos às experiências da vida, sem ter medo de ser feliz.


Enquanto lá estive, não “conheci “ somente pessoas e lugares.


Eu queria mais ...

Quis  fazer parte do lugar, participar da vida das pessoas,  integrar e interagir com o ambiente.


Não estava lá só de passagem.


Não perdi o momento.

E até hoje colho os frutos dessa entrega !!!

Já se passaram 26 anos e me mantenho emocionalmente em contato com as aquelas duas famílias que me acolheram, me deram atenção, carinho e amor.


Eu me permiti a isso !!!


E tenho a convicção que eles também se permitiram !!!


Em 2009, retornei para Reed City – Michigan, depois de longo tempo (23 anos) , mas desta vez, levei minha família – marido e filhos.

E foi como se o tempo não tivesse passado, a distância nos separado ...

O sentimento, o amor, o carinho e a entrega foi a mesma, só que agora ampliada, pois eu já constituído família (02 filhos e um marido) e eles ( os Kooikers e os Pinagels) por sua vez, também haviam aumentado os seus integrantes ...

Assim permito acreditar que quando vivemos o presente intensamente, o medo e a insegurança desaparece, pois o medo muitas vezes advém da preocupação que temos com relação a eventos que poderão acontecer no futuro que é sempre incerto.


Sofremos antecipadamente por medo de  não ter dinheiro suficiente para aposentadoria,  medo das escolhas dos nossos filhos,  medo de nos “amarrar” a alguém não “perfeito”, enquanto somos tão imperfeitos ...


Daí, enquanto estamos ocupados fazendo outros planos, crianças crescem, pessoas morrem e o nosso corpo envelhece.

E o momento passa ...


E tudo passa ...  até uva. (não consegui perder a piada rsrsrsrsrs)  

John Lennon disse:  “ A vida é algo que acontece enquanto estamos ocupado fazendo outros planos.”


E eu havia me esquecido disso!!!!



PS: Um agradecimento especial  aos meus “familiares” americanos  os Kooikers: Terry, Gladys, Tracy, Tammi, Andrea, Brian, Karsten, Trent, Rachel, Kelsey  e os Pinagels: Hans, Bety, Erica, Sherry, Fausto, Talos e Ayla.
Love you forever!!!   

2 comentários:

  1. Lendo este post, fiquei emocionado com a profundidade das palavras, pois entendo a mudança que esta experiência proporcionou em sua vida. Me sinto afortunado por ter participado desde o início, pois desde seu intercâmbio eu já fazia parte de alguma forma em sua vida e vivi esta experiência contigo, por meio das cartas, que eram o único meio de comunicação na época, exceto o telefone é claro, mas que por ser muito caro, quase não era usado. Mais de um mês se passava entre o envio e o recebimento da resposta das correspondências... Dificuldades que hoje com a internet, não são mais sentidas.
    Tenho orgulho de ter podido conhecer as pessoas maravilhosas com que você conviveu naquela experiência e, principalmente, de ter convivido com você, que é mais maravilhosa ainda.
    Aceite meu beijo, que lhe dou entre lágrimas, de tão tocado que fiquei com este post.

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  2. Que "bonitinho" que você é meu amor!!! Eu te amo ...

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