“ Passei por coisas terríveis na vida, e algumas delas de
fato ocorreram” Mark Twain
Sempre entendi que viver
intensamente não é viver loucamente, de forma desvairada, insana e sem medir as consequências ...
Entendo que viver intensamente é viver cada momento, é estar
aberto para o novo ...
É estar presente no “agora” de corpo e alma.
De tantas experiências da vida, vou contar uma que vivi em 1986, com intensidade.
Fui em busca do novo, do desconhecido ...
Mas antes de falar acerca dela, vou voltar a alguns anos
antes.
Quando comecei a
estudar inglês!
Fui estudar meio que
forçada, pois quando se tem 13 anos, a vida parece tão cheia de obrigações que
o que mais desejamos é - nada fazer ...
Assim estudar inglês era para mim mais uma escola a frequentar,
tarefa a fazer e obrigação a cumprir ...
Mas, seguindo orientação materna e paterna (e como filha
obediente que sempre fui), passei a frequentar o curso de inglês ...
Foram 4 anos ...
E desse início de "namoro"
meio que forçado, brotou um interesse que cultuo até hoje ...
Tenho sede do mundo!!!
Quero conhecer lugares e pessoas ...
Visitar países diferentes e exóticos !
Entender as pessoas a
partir de sua forma de viver e lidar com a vida.
O estudo do novo idioma me fez descortinar o véu do mundo -
o conteúdo das lições que narravam o cotidiano da vida em outro país me fascinava
e me impulsionava a sair da mesmice do dia a dia.
Era uma descoberta para mim.
Comecei a sonhar em
morar em outro país, foi um vôo para a adolescente provinciana da pequena
cidade de Vila Real do Senhor do Bom Jesus de Cuiabá.
Mas como ????
Vivíamos numa época em que as dificuldades econômicas no Brasil
eram grandes e a abertura comercial era quase inexistente do Brasil com mundo e estava restrita a castas
... 1983!
E eu não pertencia a
casta nenhuma, meus pais eram classe média - mãe professora e pai bancário.
Estávamos no final do período militar ...
Portanto, aquele
sonho era um devaneio.
E os anos da adolescência foram passando ...
As aulas do curso de inglês foram ocorrendo e aquele desejo adormecido.
Até que, aos 17 anos de idade, com a intercessão de um tio
muito querido – Tio Roberto, me foi
oportunizado inscrever-me para a seleção
de Intercâmbio de Jovens do Rotary Clube.
Sem muita expectativa, preenchi os formulários e os
encaminhei para Araçatuba/SP, onde se
localizava a central de intercâmbios do distrito rotariano.
Fui selecionada ...
E como muita outras coisas que ocorrem em minha vida, a
guinada foi fenomenal.
Em menos dois meses tive que arrumar tudo: documentos, passaporte, roupas, escola ...
A avalanche da novidade me deixou como que extasiada, não tive
tempo para depurar.
Só vivi intensamente
o momento.
Não dimensionei que
iria passar um ano inteiro, longe dos meus pais e familiares, vivendo num lugar
estranho, com pessoas desconhecidas e de idioma e costumes diferentes.
E hoje posso dizer: AINDA BEM que não dimensionei!!!!
Sim, AINDA BEM, pois talvez se assim tivesse feito, eu não tivesse me lançado de corpo e alma nessa
deliciosa aventura.
O inglês apreendido serviu como base para comunicação.
Mas a fluência natural do falar, essa eu penei ! Mas aprendi
lá ...
Foi um ano M A R A V I L H O S O !!
Um ano que não houve um fato sequer, um acontecimento qualquer
que não tenha valido a pena ter vivido.
E não estou focando essa
experiência em lentes cor de rosa.
Conheci pessoas memoráveis, lugares diferentes e aprendi uma
forma diferente de pensar o mundo.
Mas, antes de tudo, me conheci pela primeira vez!!
Aprendi a enfrentar os temores e a acreditar que eu podia tornar
sonhos em realidade.
E que podemos nos doar e nos entregarmos às experiências da
vida, sem ter medo de ser feliz.
Enquanto lá estive, não “conheci “ somente pessoas e
lugares.
Eu queria mais ...
Quis fazer parte do
lugar, participar da vida das pessoas, integrar e interagir com o ambiente.
Não estava lá só de passagem.
Não perdi o momento.
E até hoje colho os frutos dessa entrega !!!
Já se passaram 26 anos e me mantenho emocionalmente em contato
com as aquelas duas famílias que me acolheram, me deram atenção, carinho e
amor.
Eu me permiti a isso !!!
E tenho a convicção que eles também se permitiram !!!
Em 2009, retornei para Reed City – Michigan, depois de longo
tempo (23 anos) , mas desta vez, levei minha família – marido e filhos.
E foi como se o tempo não tivesse passado, a distância nos separado
...
O sentimento, o amor, o carinho e a entrega foi a mesma, só
que agora ampliada, pois eu já constituído família (02 filhos e um marido) e
eles ( os Kooikers e os Pinagels) por sua vez, também haviam aumentado os seus
integrantes ...
Assim permito acreditar que quando vivemos o presente intensamente, o medo e a insegurança desaparece, pois
o medo muitas vezes advém da preocupação que temos com relação a eventos que
poderão acontecer no futuro que é sempre incerto.
Sofremos antecipadamente por medo de não ter dinheiro suficiente para
aposentadoria, medo das escolhas dos
nossos filhos, medo de nos “amarrar” a
alguém não “perfeito”, enquanto somos tão imperfeitos ...
Daí, enquanto estamos ocupados fazendo outros planos,
crianças crescem, pessoas morrem e o nosso corpo envelhece.
E o momento passa ...
E tudo passa ... até
uva. (não consegui perder a piada rsrsrsrsrs)
John Lennon disse: “
A vida é algo que acontece enquanto estamos ocupado fazendo outros planos.”
E eu havia me esquecido disso!!!!
PS: Um agradecimento especial
aos meus “familiares” americanos os
Kooikers: Terry, Gladys, Tracy, Tammi, Andrea, Brian, Karsten, Trent, Rachel,
Kelsey e os Pinagels: Hans, Bety, Erica,
Sherry, Fausto, Talos e Ayla.
Love you forever!!!
Lendo este post, fiquei emocionado com a profundidade das palavras, pois entendo a mudança que esta experiência proporcionou em sua vida. Me sinto afortunado por ter participado desde o início, pois desde seu intercâmbio eu já fazia parte de alguma forma em sua vida e vivi esta experiência contigo, por meio das cartas, que eram o único meio de comunicação na época, exceto o telefone é claro, mas que por ser muito caro, quase não era usado. Mais de um mês se passava entre o envio e o recebimento da resposta das correspondências... Dificuldades que hoje com a internet, não são mais sentidas.
ResponderExcluirTenho orgulho de ter podido conhecer as pessoas maravilhosas com que você conviveu naquela experiência e, principalmente, de ter convivido com você, que é mais maravilhosa ainda.
Aceite meu beijo, que lhe dou entre lágrimas, de tão tocado que fiquei com este post.
Que "bonitinho" que você é meu amor!!! Eu te amo ...
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